O número de decisões administrativas mantidas em segredo desde 1995 pelo Senado pode ser superior aos 663 incluídos no relatório da comissão instalada pela primeira secretaria da Casa.
E é o próprio relatório que aponta o erro. Os três funcionários responsáveis pelo documento dizem que o sistema de controle dos Boletins Administrativos de Pessoal (BAP) tem falhas, humanas ou do próprio sistema.
Agora a comissão deve ampliar as investigações, em busca de novos atos, cruzando informações do Diário Oficial do Senado com os BAP. O prazo final para os trabalhos da comissão é segunda-feira (29), mas ele deve ser prorrogado.
Entre os 663 atos secretos já identificados estão medidas administrativas de para nomear, exonerar, aumentar salários e ampliar verbas. Foram identificados também 118 boletins regulares de pessoal publicados em data posterior à de sua edição.
Com base nas informações obtidas, o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, e o ex-diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi, deverão ser alvo de processos administrativos.
Agaciel pode também ser demitido do serviço público, caso seja atendido o pedido do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), protocolado nesta quarta (24).
Demóstenes também defende que o presidente da Casa, José Sarney, seja afastado das investigações dos atos secretos e nomeações feitas durante os 15 anos da gestão de Maia, alegando ser difícil para Sarney julgar alguém de sua afeição.
Recentemente, o presidente do Senado chegou inclusive a ser padrinho de casamento da filha de Agaciel.