Nem Da Vinci, nem Van Gogh. Na última década, o cenário das artes ganhou muitas novas abordagens. Através de expressões como grafite, stickers, posters, tatuagem, HQ, moda e música, arte e artista começaram a ser vistos e consumidos por uma nova fatia de público, bem mais jovem. A arte saiu dos ambientes elitizados das galerias tradicionais e se aproximou das pessoas na rua.

São Paulo vive uma febre de galerias chamadas “alternativas”. Tudo começou com a Choque Cultural, em Pinheiros. Agora são várias. A mais recente é o Espaço + SOMA, que abriu no dia 14 de março, na Vila Madalena.

O Virgula foi em algumas dessas novas galerias. E descobrimos que tem muita coisa legal mesmo para ver.

GALERIA COM DJ E BANDAS

Como uma extensão da revista + SOMA, publicação sobre a cena cultural contemporânea que existe desde 2007, o recém-aberto espaço pretende dar ao público uma nova alternativa, ao organizar exposições de arte independente e urbana, DJ sets e até pocket shows com bandas atuais – permitindo assim que todas essas manifestações artísticas dialoguem entre si. Mas além de ser um espaço cultural, a ideia dos organizadores é repensar as galerias. 

“O modelo de galeria é legal, mas um pouco frio para a interação, porque você só vai lá, vê as obras na parede e vai embora”, diz Tiago Moraes, sócio e editor da publicação bimestral. “A nossa proposta é oferecer um espaço que traga tudo o que a revista já traz e proporcionar uma interação do público com o que eles já viram no papel”, conta Moraes.
 
Além de promover essa interação entre a arte e o público, assim como o Espaço + SOMA, essas novas galerias querem mostrar o lado B da arte, levando o que está na margem para os interessados. Deste modo, cria-se uma “alternativa diferente da que a maioria dos espaços oferece”, segundo Moraes. 

UM CHOQUE NA CULTURA JOVEM

Uma galeria que contribuiu bastante para incentivar o público jovem, dando uma injeção de ânimo no cenário da arte urbana foi a Choque Cultural. Pioneira e com uma proposta diferente, seus organizadores e artistas mostraram que a arte não precisa ser um quadro empoeirado em um museu. Pode ser também o traço de uma HQ, um inusitado grafite em um muro, uma tatuagem ou até mesmo um flyer.

Para Baixo Ribeiro, curador e um dos donos da Choque Cultural, foi a nova geração quem tornou possível o aparecimento destes novos espaços. “Sem as referências museológicas, esse novo público está vindo com vontade e cabeça nova”, afirma Baixo. Sem tantas referências ou vícios, o jovem consumidor de arte não quer só freqüentar os espaços tradicionais e “enxerga a arte com o coração”, como diz Baixo.

Com essa retomada da arte, que se encontrava na mesmice desde a década de 80, foi possível ver que obra não é apenas o que está no mercado. “Existe a arte ingênua, popular e a espontânea, que está na rua – como os bonecos feitos de escapamento, que vemos na porta de uma mecânica”, sustenta Baixo. 

“A arte não é legitimada apenas quando está no mercado. O que acontece é que tem um momento em que o artista quer viver daquilo, quer vender o seu trabalho e o público também deseja colecionar”, explica o galerista. E em meio a este cenário, “a galeria consegue transformar o lance de compra e venda em um acontecimento cultural”.

MERCADO DE ARTE? O QUE É ISSO?

Dona da inusitada galeria Casa da Xiclet, Adriana Matos Duarte – mais conhecida como Xiclet – é a personificação do “alternativo” e não faz questão nenhuma de inserir seu espaço no mercado das artes. Com opinião forte, para ela, o “nascimento destes novos espaços é muito importante, porque estávamos acostumados com a mesmice”. 

“Antigamente era Medicina, Direito e Engenharia. Hoje em dia, podemos ter diferentes alternativas”, diz Xiclet, que se considera mais uma dona de casa, que organiza exposições em seu lar, do que curadora. Inclusive, Xiclet diz que nem é ela quem seleciona os artistas, mas sim eles que selecionam a casa.

Para expor lá, basta se inscrever e pagar uma quantia razoavelmente baixa, em comparação com os outros espaços de arte. “Na verdade, eu só preciso do dinheiro para a manutenção da casa. Eu gosto é de ver a coisa acontecer mesmo”, conta Xiclet, uma das alternativas para os artistas urbanos e contemporâneos.  

GUIA DE GALERIAS ALTERNATIVAS  

Espalhadas pelo Brasil, muitas galerias organizam exposições com artistas contemporâneos que ainda não conseguiram conquistar seu lugar ao sol. Pequenos, escondidos e pouco conhecidos, esses espaços mostram ao público que arte não é aquilo que está apenas em museus e galerias tradicionais.

Se quiser saber mais sobre essa nova cara da arte que está fervilhando entre os jovens, confira algumas importantes galerias alternativas do Brasil:

>> São Paulo

Casa da Xiclet
Endereço: R. Fradique Coutinho, 1.855, Vila Madalena
Telefone: (11) 2579-9007

Choque Cultural

Endereço: R. João Moura, 997, Vila Madalena   
Telefone: (11) 3061-4051

Espaço + SOMA
Endereço: R. Fidalga, 98, Vila Madalena
Telefone: (11) 3034-0515

Polinésia
Endereço: R. Pedro Taques, 110, Consolação
Telefone: (11) 3129-4401

8 Rosas
Endereço: Al. Franca, 1.071, Jardim Paulista,
Telefone: (11) 3062-2428

>> Porto Alegre

Galeria de Marte
Endereço: R. Osvaldo de Aranha, 522, sj 11
Contato: galeriademarte@uol.com.br

>> Belo Horizonte

Mini Arte
Endereço: R. Carolina Figueiredo, 30, Serra
Contato: contato@mini-arte.com

>> Brasília

Objeto Encontrado

Endereço: 102 Norte Bloco B Loja 56, Asa Norte
Telefone: (61) 3326 3504


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Novas galerias conquistam o público jovem

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