A maneira como atuam os anticorpos das pessoas que demoram muito tempo em desenvolver a AIDS pode servir de nova base para as pesquisas para se conseguir uma vacina.
Alguns pacientes infectados com o Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV) são capazes de controlá-lo e fazer com que progrida muito lentamente até desenvolver a aids, segundo um artigo publicado neste domingo (15) pela revista Nature.
Uma equipe da Rockefeller University (EUA) realizou o estudo com seis desses doentes, dos quais já se sabia que tinham altos níveis de anticorpos, mas até agora se conhecia pouco sobre sua eficácia.
Mas com a pesquisa, descobriram que os doentes nos quais o HIV se desenvolve muito devagar têm uma ampla gama de anticorpos, os quais “parecem atuar como uma equipe” para neutralizar o vírus, enquanto cada um deles sozinho não é capaz de fazê-lo.
Esses anticorpos podem também reconhecer um amplo leque de cepas do HIV, um vírus que sofre mutação com grande rapidez, o que o transforma em um “astuto adversário” do sistema imunitário.
O estudo indica que uma vacina que possa imitar a resposta dos anticorpos desses pacientes “poderia ser um instrumento mais eficaz para ajudar a lutar contra o vírus”.
Nova oportunidade
Durante 25 anos, cientistas de várias partes do mundo tentaram, sem sucesso, desenvolver uma vacina contra o HIV baseada em um pequeno número de “superanticorpos”, manipulados para evitar que o vírus se enraíze. Entretanto, os pesquisadores não conseguiram não conseguiram reproduzir o resultado nas pessoas.
No entanto, os vários anticorpos dos pacientes em estudo são capazes de reconhecer uma ampla gama de cepas do HIV, o que “sugere que ter muitos tipos diferentes de anticorpos poderia ser melhor do que ter um superanticorpo, que se centra em uma parte do vírus, que pode mutar com facilidade”.
O chefe da equipe científica, Michel Nussenzweig, explicou que queriam tentar algo diferente, por isso que tentaram reproduzir o que há nos pacientes nos quais o HIV progride muito lentamente até desenvolver a aids.
Essas pessoas têm muitos anticorpos diferentes, os quais de maneira individual têm uma “capacidade limitada” de neutralização, mas todos juntos “são bastante poderosos”, disse Nussenzweig.