Quando a trupe de Fat Mike sobe no palco, nunca se sabe o que vai acontecer. Sob essa máxima, os californianos do NOFX mostraram mais uma vez para os paulistanos por que são considerados a maior banda de hardcore americano de sua geração, depois de quase 27 anos de plena e total atividade.
Pela primeira vez em um palco da zona norte paulistana, o quarteto de Los Angeles incendiou o Santana Hall tocando alguns de seus maiores clássicos na noite desta quinta feira, com a temperatura interna da casa de shows chegando igual aos mais confortáveis fornos do país do carnaval. O calor era tanto que, depois da sexta ou sétima música, o chão parecia ensaboado de tão liso por causa do suor.
Temperatura muito quente também em cima do palco, com a banda abrindo de cara com a música que levou o quarteto à fama entre os roqueiros americanos, Linoleum. Daí em diante foi um festival de petardos. Seeing Double at The Triple Rock, The Brews, We Called It America, Fuck The Kids e It’s My Job To Keep Punk Rock Elite, não exatamente nessa ordem, foram todas cantadas em uníssono pelos presentes.
Do meio das rodas, era possível escutar os gritos de felicidade a cada acorde de Reeko, Drugs Are Good, Eat The Meek, Punch Her In The Cunt, Bob e Leave It Alone. Outro bom momento foi o animadíssimo cover de Radio, clássico do Rancid que está no famoso split BYO Split Series, Vol. 3, onde a banda toca covers do NOFX e Fat Mike (baixista e vocalista) e companhia retribuíram a gentileza.
Ainda teve Kill All The White Man, Franco Un-American e Murder The Government, pra coroar a noite que só não foi perfeita por conta do set um pouco mais curto do que nos outros shows da turnê sul-americana, que pode (e deve) ser atribuida aos mais empolgados, que se divertiam arremessando latas, garrafas de água e até, pasme, um chinelo, nos músicos. Nessa hora, inclusive, o frontman da banda não se conformou em receber uma chinelada.
“Ei, não joguem chinelos em mim… Mas, espere aí… Quem diabos vem de chinelos em um show punk?”, perguntou um inconformado Fat Mike, provavelmente se sentindo como um bandeirinha em jogo na Vila Belmiro nos anos 90. “Se vocês continuarem jogando coisas, vamos cortar o nosso set e acabar com o show, ok? Se vocês virem alguém jogando algo no palco, acertem o cara com um soco.”
Nesse clima de amor e ódio – ou de paz armada, para ser mais exato – o NOFX fez chover em local fechado na cidade de São Paulo. Tá legal, fez chover suor. Mas que choveu, choveu.