Nesta última semana, Kléber, atacante do Cruzeiro, e Deyvid Saconni, meia do Palmeiras, passaram por situações parecidas ao definirem seu futuro em outras agremiações. Ambos foram anunciados, respectivamente, por Porto-POR e Nantes-FRA, como reforços de suas equipes, contudo, por indefinição de alguns detalhes eles não puderam ser apresentados, e retornaram aos seus times no Brasil.
No caso do Gladiador, o problema teria sido a corrida contra o tempo. Com o eminente fechamento da janela de transferências – que se fechou na noite do último domingo (31) – o Porto emitiu uma nota alegando que aconteceram divergências sobre valores de salários e tempo de contrato, e que não haveria tempo hábil para um novo acerto. Na França, os dirigentes do Nantes não atentaram para o fato de que o passaporte de Saconni não era comunitário: quando o jogador chegou ao clube apenas com o protocolo da retirada do documento (que só sai em março), o clube voltou atrás na negociação.
Ainda assim, esses não foram os primeiros casos de contratações dadas como certas e que, na hora H, não foram concretizadas. Apenas aqui no Brasil, nos últimos anos, o VirgulaEsporte resgatou outros quatro casos conhecidos do torcedor, que, certamente, sabe que deve esperar cada vez mais a assinatura oficial de um contrato para comemorar a chegada ou a saída de um atleta.
RENATO GAÚCHO NO SÃO PAULO
Em 1997, o então presidente do São Paulo, Fernando Casal de Rey, prometeu à torcida tricolor a contratação de um nome de peso para o ataque do time, vitorioso em 1992 e 1993, mas que passou em branco nos três anos seguintes. Em fevereiro da temporada 97, como prometido, o mandatário do Morumbi reuniu a imprensa e apresentou o veterano Renato Gaúcho como reforço para o ataque são-paulino.
Entretanto, Renato não almejava glórias e títulos com a camisa do Tricolor. Sua apresentação, na verdade, foi uma manobra utilizada pelo atleta para chamar a atenção da diretoria do Fluminense, seu ex-clube, para que os dirigentes das Laranjeiras resolvessem a sua situação: o atacante tinha muito dinheiro para ainda receber do Flu. E conseguiu. Dias depois, Renato regressou ao Rio de Janeiro, teve a dívida saldada e permaneceu no clube carioca.
MARCOS NO ARSENAL
O goleiro pentacampeão com a seleção brasileira, em 2002, na Copa do Mundo da Coreia e do Japão, regressou ao Brasil após o mundial já com status de estrela. Ídolo no Palmeiras, que naquele ano realizou a péssima campanha do rebaixamento no Brasileirão, o camisa 12, ainda sim, saiu ileso das críticas, e recebeu uma proposta milionária para deixar o Palestra Itália e defender o Arsenal, da Inglaterra.
O Verdão, inclusive, fechou a transferência do arqueiro com os ingleses, e liberou Marcos para que ele viajasse à Londres. Contudo, com as exigências do Arsenal de um goleiro que permanecesse na Inglaterra por muito tempo, e que pudesse iniciar suas atividades já no momento Marcos havia prometido aos cartolas palmeirenses que ficaria até o meio do ano na Academia -, São Marcos regressou ao Palestra, ajudou o clube a voltar à Série A do Brasileiro e nunca mais deixou o clube.
VAGNER LOVE NO CORINTHIANS
Com certeza, uma das transações mais polêmicas da última década. Com a obscura parceria milionária com a MSI, o Corinthians passou a apostar na contratação de grandes nomes para formar o time da temporada de 2005. E, após trazer o argentino Carlitos Tévez, investiu sobre o ex-palmeirense Vagner Love para que o jogador fizesse parte do elenco alvinegro.
O atacante do amor aceitou o convite, regressou ao Brasil e deu entrevista coletiva, juntamente com os seus empresários, confirmando o acerto com a equipe do Parque São Jorge. Pouco depois, os donos do CSKA, que haviam contratado Vagner junto ao Palmeiras, ficaram furiosos com a postura do atleta, exigiram seu retorno à Rússia e não liberaram o jogador por muito tempo, situação que só ocorreu no ano passado, quatro anos e meio depois, quando Love voltou ao Verdão.
BETÃO NO SOCHAUX
O zagueiro Betão, titular da equipe do Corinthians desde a temporada 2004, teve três anos depois da sua estreia na equipe paulista a sua chance de atuar no futebol europeu. Com uma proposta de 2,1 milhões de dólares, aproximadamente, 4,2 milhões de reais, a diretoria do Timão não hesitou, e vendeu o defensor ao Sochaux, da França.
Porém, chegando à França, Betão não contava com a postura dos cartolas do clube francês. Com tempo de contrato e salários acertados, o zagueiro ouviu dos dirigentes que o técnico da equipe não havia passado nos exames médicos por causa de sua baixa estatura. Com 1,82m, o atleta, que disse na época que os franceses teriam de ter visto tudo isso antes da contratação, retornou decepcionado ao Parque São Jorge.