Por ocasião da Parada Gay, está em São Paulo o jornalista Gilles Wullus, editor da Têtu, revista francesa que é uma das maiores publicações gays da Europa e pertence a Pierre Bergé, companheiro do falecido estilista Yves Saint Laurent.

Em evento promovido anteontem (dia 12) na Livraria Cultura pela revista Junior, Gilles Wullus fez palestra sobre os caminhos editoriais da Têtu em tempos de crise e suas expectativas para o futuro. O Virgula acompanhou o debate.

Atualmente, a Têtu tem tiragem de 98 mil exemplares e vende metade disso. Segundo Gilles, a revista não está na melhor forma financeira. “Credito isso ao momento de crise, mas programamos mudanças no conteúdo e espero que resultados melhores venham em curto prazo”.

Gilles se refere principalmente a como anunciantes e reportagens da revista vêm sendo espalhados na publicação: “Há dois tipos de interesse entre nossos leitores; os que buscam matérias de comportamento ou textos mais politizados e os que preferem os ensaios sensuais e as pautas de consumo. Tenho que atender todas as expectativas e acomodar os anunciantes que se alinham com esses dois mundos, tanto os chamados ‘trash’, como saunas e coisas ligadas ao sexo, como os sérios, por assim dizer simplificadamente. Então, a solução foi encartar uma sub-revista dentro da Têtu que faz essa divisão de conteúdos e publicidade”.

Negros X Brancos

Há um ano no comando da Têtu, Gilles Wullus tem a experiência de quem foi editor do jornal Libération e agora leva adiante a reforma que precisa firmar a revista como um sucesso editorial rentável, que caminhe sozinho depois que Pierre Bergé, hoje com 78 anos, saia de cena.

Consciente do que funciona melhor na revista, Gilles cita, por exemplo, que as vendas aumentaram muito desde que em 2001 a capa só tem a presença de garotos seminus. “Por experiência, também conseguimos estabelecer qual homem vai melhor nessas fotos. Os gays preferem os brancos, sem barba, sorridentes e jovens, mais parecidos com os tipos físicos norteamericanos”.

Quando a capa foi de negros as vendas não foram bem, mas Gilles prefere dizer que essas edições é que não estavam tão boas como as outras. De qualquer forma, não mexe no time que está ganhando. O máximo que arriscou foi colocar duas capas diferentes, uma com um modelo negro outra com um branco por ocasião da disputa Obama x McCain, na época da eleição para presidente dos EUA.

Apesar da Têtu ter sido fundada por gays politicamente militantes, Gilles não vê espaço, hoje, para a revista liderar boicotes à marcas com posturas homofóbicas, por exemplo.

“Sendo a peridiocidade mensal, não creio que seja hábil a revista liderar algum movimento. No entanto, a Têtu se pronuncia claramente contra políticos que tenham tendências assim”, explica.

Sinal de que a índole provocativa da revista gay ainda tem algum espaço nessa busca pelo novo modelo de negócios.


int(1)

No Brasil para ver a Parada Gay, editor da Têtu, diz que capas com jovens brancos vendem mais

Sair da versão mobile