Uma atmosfera retrô tomou conta das passarelas do Pier Mauá, na programação do Fashion Rio desta segunda-feira (8). Entre os destaques, as peças confortáveis e autênticas da Cantão, e o frisson de Carlos Tufvesson, que criou mulheres poderosas em clima de disco-glam dos anos 70 misturado a uma atitude punk dos anos 80 e, para arrematar, muito cabelão selvagem. Luxo!
A marca brasiliense Apoena, de Kátia Ferreira, começou o dia retratando o lado belo de Brasília – como as curvas de Oscar Niemeyer e os jardins de Juscelino Kubitschek – em um desfile correto e juvenil. A mistura de estampas, tipo bolinha com floral, deu um tom delicado à coleção. De qualquer forma, Kátia sempre merece pontos pelo cunho social de sua marca, que emprega cerca de 600 costureiras nas comunidades carentes do Distrito Federal.
A Cantão, marca tradicional do Rio, foi uma boa surpresa. Com inspiração no espírito aventureiro de Robson Crusoé, a marca propõe uma viagem a uma ilha deserta, com araras, maxivolumes, peças larguinhas no corpo e super confortáveis, ganchos baixos, ombros de fora e mix de estampas. O legal é que, apesar do tema, a marca não caiu no óbvio do bege, apostou em cores, técnicas artesanais – como macramê e patchwork, tudo bem anos 70 – e, o melhor de tudo: paetês em peças para usar de dia!
Em seguida, o mineiro Victor Dzenk apresentou uma coleção de vestidos vaporosos e caftãs transparentes, com inspiração na joie de vivre luxuosa de Saint Tropez. Entre as estampas fotográficas e coloridíssimas, o estilista retratou desde o céu da Riviera até peixes marinhos.
Luiza Bonadiman foi o mistério do dia. Como a mulher brasileira irá adaptar-se à moda praia totalmente urbanóide da estilista, é difícil imaginar. Pense em biquínis com mangas, maiôs com golas, lycra que parece couro e renda, e recortes à la garotas da abertura do fantástico. Boa pedida para criar looks de festa, talvez. O sapato fechado de amarrar, com ar masculino, também deverá ir direto para o asfalto, bem longe das praias.
Já o queridinho das cariocas no quesito “vestido de festa”, Carlos Tufvesson, fez de fato uma festa na passarela. Cetim, maxipaetês, vestidos curtíssimos e shorts apareceram com cores vibrantes e muito cabelão tipo pantera. Em meio a globos disco gigantes, as modelos reviveram o glamour da era disco com muito bom humor e uma pitada de punk – nas bocas escuras e meias-calças rasgadas. Olha o pivô!
A Coven fechou a noite com versões totalmente renovadas do seu tradicional tricô, que apareceu bordado, metalizado, encerado etc. A profusão de babados, tecidos leves e acessórios criou looks boho-chic – bem anos 20, mas com um pouco de riponguice.
Escolhas do Virgula: a sandália de couro com detalhe colorido da Apoena, os acessórios de espelhinhos de Carlos Tufvesson e, especialmente, o vestido de malha listrado com um ombro só, paetês e estampa vintage da Cantão.