A causa da morte do compositor Wolfgang Amadeus Mozart, aos 35 anos, continua sendo um mistério, mas uma equipe de investigadores da Universidade de Amsterdã sugere que teria sido uma infecção na garganta, segundo um artigo publicado hoje.
O artigo da revista Annals of Internal Medicine resume as conclusões de Richard H.C. Zegers e seus colegas, que analisaram dados dos registros de morte em Viena.
É a primeira vez que uma equipe de investigadores analisa os registros diários de mortes, que começaram escritos à mão em 1607 e se mantiveram assim até 1920, na busca de pistas sobre o falecimento de Mozart, em 1791.
Zegers e sua equipe analisaram a notícia sobre a morte de 5.011 adultos em três invernos consecutivos a partir de 1790, assim como os relatos das testemunhas da morte do músico.
“A morte em jovem idade de Mozart em 5 de dezembro de 1791 fascinou o mundo durante mais de dois séculos”, afirma o artigo. “Sugeriu-se que sua doença fatal foi causada por um envenenamento, ou falência renal, ou condições como púrpura de Henoch-Schönlein, triquinose e outras”.
Nos registros de mortes vieneses nos períodos de novembro a janeiro de 1790 até 1792 aparecem as mortes de 3.442 homens e 1.569 mulheres. A média de idade de falecimento foi de 45,5 anos para os homens e de 54,5 anos às mulheres.
Os autores informaram que “a tuberculose e condições relacionadas a ela foram as causas do maior número de mortes; em segundo lugar aparecem a caquexia (estado de extrema desnutrição) e a má nutrição, e a terceira causa mais comum de mortes foi o edema”.
“Nas semanas próximas à morte de Mozart aumentaram notavelmente as mortes por edema entre os homens jovens, comparado com os anos anteriores e seguintes”, afirma o estudo, que acrescenta que “esta epidemia menor pode ter se originado no hospital militar”.
“Nossa análise é coerente com a possibilidade de que a doença final e a morte de Mozart tenham sido devido a uma infecção por estreptococos que conduziu a uma síndrome nefrítica aguda, causada pela glomerulonefrite pós-estreptocócica”, aponta o artigo.
Quanto à febre escarlatina, uma condição que representa a partir de uma perspectiva etiológica a mesma doença subjacente, estes especialistas afirmam que é “uma possibilidade menos provável” como causa da morte de Mozart.