Com atraso, o Motörhead invadiu o palco do Via Funchal nesta noite de sábado (18). O microfone voltado para o chão transmitia aos fãs a rouca e potente voz de Lemmy Kilmister, no auge de seus 63 anos.
 
Passando longe do estilo “tiozinho” e fumando uma série de cigarros, o vocalista empolgou o público com a primeira música, a classicona poderosa Iron Fist. Os riffs rápidos da guitarra de Phil Campbell acompanhando a intensa bateria de Mikkey Dee provaram que a banda, mesmo com anos de carreira e formações variadas, continua musicalmente a mesma – o que pontua, uma vez que o estilo do heavy metal que tão agrada os fãs não foi alterado com os passar dos anos. A não-inovação, no caso do Motörhead, é positiva.
 
O show da turnê do novo álbum, Motörizer, foi bastante simples se comparado aos concertos recentes de astros do rock internacional no Brasil, como Iron Maiden e Kiss. Era uma apresentação bem menor, com palco que apenas contou como recursos os jogos de luz e fumaças. Houve problemas com os equipamentos – fato que propiciou uma pequena pausa: “Três minutos”, disse Leminster. Mas nada de muito sério que pudesse provocar a ira dos cabeludos ali presentes. Em tempo menor que o dito, a banda continuava com a sonzeira.
 
Essa, aliás, alta para caramba. Típica de um show de puro rock’n’roll. Eram solos de guitarras, seqüência de pancadas na bateria, vozeirão roucaço e firme, baixo pesado… Tudo feito por apenas um trio. Os roqueiros da platéia cantavam (ou melhor, gritavam) em coro as canções, gesticulavam, impressionavam nos famosos “air guitars”, agitavam os bons e velhos “bate-cabeça” no meio da pista, faziam o chifrinho do demo com as mãos e gritavam o nome da banda. O público presente ia dos mini-metaleiros (criançada acompanhada pelo pai) aos maxi-cabeleiros dos fios brancos e das jaquetas de couro.
 
“Motörhead is my fuel” (Motörhead é meu combustível) dizia a faixa feita pelos fãs que foi pendurada no palco pelo vocalista. Após tocarem Whorehouse Blues ,  canção  com  levada  completamente  diferente  do  usual  da  banda, só no violão, gaita e voz, o trio retornou à pauleira do show com a mais que esperada Ace of Spades e encerrou a noite, se despedindo de São Paulo, com Overkill, clássico que dá nome ao álbum de 1979. “Nós somos o Motörhead e nós tocamos rock’n’roll!”, disse o líder alto, forte e barbudo dando tchau aos fãs. Não tem nem como dizer que ele estava mentindo.



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Motörhead toca clássicos e inéditas em show de São Paulo

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