Depois de tantos retratos ruins, finalmente Michael Jackson ganhou a homenagem que merecia. Esqueça as bizarrices, apague da mente as excentricidades e os apelos da imprensa. Em This is It, exibido na madrugada nesta quarta, dia 28, dentro da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, podemos ver a coisa mais importante que o rei do pop trouxe ao mundo: sua música e seu talento.
O filme começa com depoimentos emocionados dos dançarinos que passaram pela seleção de Michael e Kenny Ortega, diretor do filme e da turnê This is It, para dar o suspense da aparição do mito. Quando é chegada a hora da entrada triunfal, o espectador é surpreendido com sua forma física. Ao contrário do que a maioria pensava e que era divulgado pela imprensa, Michael não estava debilitado. Durante 1h50min, o vemos dançar intensamente, cantar em plena forma (até mesmo a cappella) e declarar todo o seu amor aos fãs e à natureza. Em várias passagens ele repete gentilmente a palavra amor.
Um dos momentos mais impressionantes é quando Michael demonstra todo o domínio da sua técnica e o quanto entendia perfeitamente toda a sua discografia, detalhe por detalhe. Em certo momento, ele discute sobre a entrada equivocada de uma nota em The Way You Make Me Feel, com o diretor musical, Michael Bearden. “Tem que ser do jeito que escrevi. Deve ter o mesmo som do disco”, comanda o rei. Durante o ensaio da música I Just Can’t Stop Loving You, em que divide os vocais com uma cantora, reclama por ter “cantado de verdade”. “Não me faça cantar pra valer quando não precisa”. Tudo com muita delicadeza e humildade, o que faz o espectador perder toda e qualquer barreira que tenha com a história conturbada do astro.
Para os que julgavam a turnê apenas uma maneira de quitar as dívidas do cantor, foram surpreendidos com o empenho do músico e uma superprodução, com direito a Thriller em 3D e Michael saindo de uma aranha-robô, soldados multiplicados digitalmente em They Don’t Really Care About Us e o cantor dentro do filme Gilda, clássico de 1946 dirigido por Charles Vidor, para a música Smooth Criminal. Toda a estrutura e grandiosidade são de arrepiar. Esse era provavelmente seu maior espetáculo, mesmo sob sua má condição de saúde.
Quando pensamos em todas as pessoas que compraram seus ingressos para ver a turnê “que fecharia as cortinas”, como disse Michael na anúncio da mesma, percebemos que o seu público, na verdade, foram apenas os dançarinos e a equipe de produção. Eles, sim, jamais esquecerão aquele show particular, do qual ainda puderam fazer parte. Aos fãs, ao mundo, restam essas imagens que fazem justiça à grandiosidade de um dos grandes músicos e dançarinos que o mundo já viu nascer. Mostra o Michael que devemos lembrar, o Michael que trouxe a música ao coração das pessoas. Se você não comprou um ticket para o show, depois de assistir ao filme e ter a dimensão do espetáculo, com certeza vai sair do cinema arrependido, mesmo sabendo que ele nunca aconteceria aos seus olhos. Afinal, o dia 25 de junho foi um dia definitivamente triste para a música.
Só para dar um gostinho, o Virgula revela todas as músicas que são tocadas, cantadas e dançadas na íntegra: Wanna Be Startin’ Somethin’, Jam, They Don’t Care About Us, Human Nature, Smooth Criminal , The Way You Make Me Feel, I Want You Back, I’ll Be There, I Just Can’t Stop Loving You, Thriller, Beat It, The Earth Song, Billie Jean e Man In The Mirror.
Logo abaixo, você pode assistir uns trechos do documentário.