Estudo da ONG Criança Segura, com base em dados do Ministério da Saúde, aponta redução no número de mortes de crianças nos últimos anos por causa de acidentes. Em 2000, 6.656 crianças de até 14 anos foram vítimas de acidentes. Em 2007, esse número foi de 5.324 mortes, uma redução de 17%.
De acordo com a coordenadora de projetos da ONG, Ingrid Stammer, apesar da redução, esse número ainda é alto. “Os números estão reduzindo, mas é preocupante porque 90% deles poderiam ser evitados. Por isso nós acreditamos que essa redução poderia ser maior. Continuamos desenvolvendo um trabalho para sensibilizar a comunidade para garantir um comportamento mais seguro para as crianças”, afirmou.
Grande parte dessas mortes é decorrente de acidentes de carro que em 2007 representaram 2.134 do total, seguido de afogamentos, 1.382; sufocações, 701; queimaduras, 337; quedas, 254; intoxicações, 105; acidentes com armas de fogo, 52; e outros, 359.
Outro dado destacado por Ingrid é o número de hospitalizações de crianças de até 14 anos causadas por acidentes. Em 2007 foram 136.329 no total, sendo que grande parte delas (73.455) por queda.
Ingrid disse ainda que grande parte desses acidentes poderiam ser evitados mas eles ainda acontecem porque os pais e as pessoas que cuidam das crianças acreditam que os acidentes são fatalidades. Apesar de todas as medidas que podem ser tomadas, [os pais acham que] inevitavelmente esses acidentes vão acontecer, só que os estudos mostram que isso não é verdade, disse a coordenadora.
De acordo com a médica responsável pelo 2º Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Brasília (DF), Vilanyr Félix, as crianças de 8 e 14 anos são as que mais sofrem acidentes.
“Essa é a idade na qual elas estão mais ativas, realizando o maior número de atividades físicas. É a fase mais hiperativa da criança. Trinta e um por cento dos acidentes ocorre nessa faixa etária”, explicou.
Em seguida estão as crianças entre 2 e 4 anos, que representam entre 17% e 20% dos acidentes. “Essa é a faixa na qual a criança começa a aprender a andar, já está correndo, e muitas vezes ela fica sozinha em algum ambiente da casa”, disse.
De acordo com a médica, o lugar em que os pais devem tomar mais cuidado é a cozinha onde há panelas quentes, fornos e produtos de limpeza que podem fazer mal à criança. “Hoje, recomenda-se colocar uma barreira na porta da cozinha que impeça a criança de entrar sem um adulto”, disse.
Os pais devem estar atentos também às janelas. Vilanyr recomenda colocar telas de proteção e não deixar sofás próximo da janela para evitar que a criança caia ou até mesmo que pule.