Aos 72 anos, o jornalista e ex-deputado federal Márcio Moreira Alves morreu na noite da sexta-feira (03/04) após um longo período de internação. Segundo boletim do Hospital Samaritano, Alves teve falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado há cinco meses, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC).
O velório acontece neste sábado (04/04) no saguão da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), das 9h às 14h. Depois das últimas homenagens, o corpo do jornalista seguirá para o Cemitério do Caju, centro do Rio, onde será cremado.
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do companheiro político e disse que o país perdeu “um grande democrata que exerceu com dignidade a profissão de jornalista e o mandato de parlamentar”. “Marcio será reconhecido pela história não só como um grande jornalista mas, sobretudo, como um homem de coragem, que não se curvou ao autoritarismo e lutou com paixão pela democracia”, completou.
Discurso contra repressão
Moreira Alves foi um dos principais opositores do regime militar, que vigorou de 1964 a 1985. Em um discurso histórico, protestou contra a repressão nas universidades e contra as violações de direitos humanos. O discurso, de 2 de setembro de 1968, é apontado como um dos pretextos para a decretação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), que determinou o fechamento do Congresso Nacional, a cassação de parlamentares e a suspensão de direitos políticos.
O governo militar havia pedido licença à Câmara para processar o deputado, mas a autorização foi negada. Márcio Moreira Alves foi cassado em dezembro de 1968, já com base no AI-5, que entrou em vigor no dia 13 daquele mês. O ex-deputado seguiu, então, para o exílio. Viveu em vários países e só retornou ao Brasil com a promulgação da Lei da Anistia, após 11 anos no exterior.
Alves ainda tentou retornar à carreira parlamentar, sem sucesso, e voltou às suas origens, o jornalismo, onde permaneceu como um dos mais importantes comentaristas políticos do país, mantendo uma coluna diária no jornal O Globo durante dez anos.
Textos do jornalista, além do discurso histórico de 1968, podem ser consultados no site que ele mantinha na internet (www.marciomoreiraalves.com).