Mais um ano com título. O Brasil tem se acostumado a viver com conquistas e desta vez levantou a taça de octacampeão da Liga Mundial de vôlei. O motivo para tanto sucesso talvez seja o forte trabalho que a modalidade tem nas categorias de base e a constante renovação que a seleção possui. Pelo menos esse é o ponto elogiado por José Montanaro Júnior, ex-jogador que estava presente no primeiro título do mundo brasileiro, em 1993, e atual gerente do Santander/São Bernardo.

“O vôlei é diferenciado das outras modalidades no país por diversos fatores, mas o principal é que a renovação feita não ocorre apenas no ciclo olímpico. A renovação é gradativa e vem ocorrendo constantemente em todas as competições”, disse Montanaro em entrevista ao VirgulaEsporte.

Um dos exemplos dado por Montanaro foi Murilo. O ponta, que foi fundamental na decisão contra a Sérvia com bons saques no tie-brake, já vinha participando do grupo da seleção há um bom tempo. O atleta estava na disputa das Olimpíadas de Pequim e na Liga Mundial de 2008, mas somente na competição deste ano se tornou titular.

Segundo Montanaro, o trabalho de Bernardinho de dar aos poucos a experiência para novos jogadores em torneios menores como a Copa América e , colocando-os na hora certa na equipe principal, também faz parte da fórmula do sucesso. Confira a íntegra da entrevista com o ex-jogador:

VirgulaEsporte: O que a vitória do fim de semana do Brasil representa para você? Como você se sente com o vôlei nacional ganhando mais uma vez?

Montanaro: Sem dúvida, esses resultados nos enchem de alegria, pois mais uma década o Brasil é líder no ranking de seleções da federação. Isso tudo é fantástico.

VE: Qual a importância desta renovação que tem acontecido no vôlei brasileiro?

M: Não é apenas nesta competição que o trabalho foi feito. O vôlei é diferenciado das outras modalidades no país por diversos fatores, mas o principal é que a renovação feita não ocorre apenas no ciclo olímpico. A renovação é gradativa e vem ocorrendo constantemente em todas as competições.

VE: Em relação a situação do vôlei nacional, qual o verdadeiro papel dos clubes? Muito se falou sobre o possível fim dos times.

M: O investimento das equipes, das empresas parceiras, tem sido muito importante para esta renovação. Em relação ao fim do vôlei, foi coisa dos pessimistas e de pessoas precipitadas. O fim de algumas equipes foram situações que ocorreram, coisa normal, tanto que logo em seguida surgiram grandes investidores com projetos a longo prazo, quebrando o paradigma que só o futebol consegue grandes contratos. Os investidores vieram também por causa do incentivo da Confederação Brasileira de Vôlei.

VE: Com os investidores, alguns jogadores retornaram para o país. Como você vê a volta dos grandes jogadores?

M: Acho muito importante isso. Os jogadores gostaram do resultado e vendo grandes jogadores resolveram voltar para o país, acredito que a próxima Superliga deverá ser a mais forte do todos os tempos. É o que ela promete.

VE: No fim de semana, um lance foi muito falado, pois a arbitragem usou imagem para mudar o resultado de uma jogada. O que acha disso?

M: Sou a favor principalmente em jogos como o do fim de semana, que foram apontados alguns erros grosseiros. Um trabalho não pode ser jogado no lixo por erros inadmissíveis. Por isso, acho correto o que foi feito e muito válida a iniciativa do delegado da partida.

VE: Você é gerente do Santander/São Bernardo e um jogador da equipe foi eleito o melhor da Liga Mundial. O que significa o prêmio do Serginho?

M: É fantástico isso. O prêmio foi para um jogador que não ataca e só defende, ao contrário de todos os outros jogadores. Sempre brinquei com ele que o maior salário do time era investido em um jogador que só servia para tomar ponto e não marcava, isso era inadmissível. Além disso, ele superou craques como Giba e Milijkovic.

VE: O que mais mudou no vôlei da época em que você era jogador para o atual momento?

M: Tudo mudou. Biótipo dos atletas, investimentos, regras, bolas, equipamentos, tudo. Digamos que o vôlei não mudou e sim evoluiu. Teve mudanças muito boas.


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Montanaro vê sucesso do vôlei como fruto da renovação constante da modalidade