Os desfiles para a temporada Primavera-Verão 2010 da semana de moda feminina de Milão terminaram na última terça-feira (29), sob fortes críticas e em meio à muita polêmica. Para a imprensa especializada, os estilistas que se apresentam na capital da moda italiana mostraram coleções de aspecto “vulgar”, que pareciam influenciadas pelos recentes escândalos envolvendo o primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi.

 

Segundo Suzy Menkes, jornalista do “International Herald Tribune” (EUA) e uma das críticas de moda mais famosas do mundo, e Vanessa Friedman, do “Financial Times” (Reino Unido), os desfiles de Milão ficaram marcados pela “vulgaridade” e “refletiram o escandaloso verão de sexo de Berlusconi”.

 

Menkes escreveu que as modelos desfilaram como assistentes de palco ou “velinas” (garotas de seios fartos e pernas vistosas que animam os principais programas da TV italiana), sobretudo nas apresentações das grifes Giorgio Armani, Bottega Veneta, “que se deixou desviar pelas transparências”, e Emilio Pucci, “com sua moda apertada no corpo”.

 

Já Friedman escreveu que “o mundo da moda foi influenciado por Silvio Berlusconi”. “Não se sabe se conscientemente ou não, mas está claro que o verão de sexo do primeiro-ministro da Itália invadiu a imaginação dos estilistas e as passarelas”, acrescentou a especialista.

 

As críticas provocaram reações indignadas dos criadores italianos, que defenderam a qualidade e a independência da moda desenvolvida na Itália.

 

Mario Boselli, presidente da Câmara de Moda, organizadora da semana de Milão, declarou: “É um ataque incompreensível. Talvez seja produto da inveja, porque, apesar da crise, a Itália ainda é o país líder em moda e isto irrita as empresas de Nova York e Londres, que obtêm resultados piores”.

 

Para a estilista Laura Biagiotti, o ataque da imprensa estrangeira esconde uma “tentativa de atacar os produtos das grifes italianas”.

“A verdade é que se quer prejudicar o ‘sistema Itália’ e isto, no período de crise que estamos vivendo, é uma facada nas costas”, declarou a designer.

 

Já Donatella Versace disse não acreditar no fato de “Berlusconi influenciar a moda italiana”. Ele “não consegue chegar até aqui” e, de qualquer maneira, “nada de vulgar foi visto nas passarelas nos últimos dias”.

 

Uma das poucas a concordar com a Menkes e Friedman foi Mariella Burani. Na opinião da estilista italiana, “as ‘velinas’ usam mais roupas que as mulheres que vistas nas passarelas.

“A moda de Milão é vulgar e espetacular demais, e não é capaz de propor vestidos para mulheres normais, que nunca se vestem assim”, destacou.

 

Hoje, desfilaram em Milão as grifes como Lublu K. Plastinina, Anteprima, Mila Shon e Federico Sangalli. Mas o destaque do dia foi a coleção de Kristina Ti, nome artístico da estilista italiana Cristina Tardito.


int(1)

Milão apresenta moda vulgar e influenciada por Berlusconi, diz imprensa