O presidente interino de Honduras, Roberto Michelleti, disse que não vai retirar as tropas que cercam a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está abrigado o presidente deposto Manuel Zelaya. Segundo ele a decisão de cercar a embaixada apenas atende a um pedido do governo brasileiro.

“Estamos respondendo o pedido de Lula ao governo de Honduras. Que nós iríamos garantir a integridade da embaixada e também a vida de quem está lá dentro. É o que estamos fazendo. Tiramos um pouco de gente lá de dentro, e estamos deixando inteiramente a liberdade de mobilidade. Estamos comprometidos em garantir o acesso à parte de fora da embaixada ao povo e ao governo do Brasil”, afirmou.

Ao ser perguntado se poderia suspender o cerco à embaixada, caso houvesse um pedido do Brasil, Micheletti foi enfático. “E a segurança dos nossos cidadãos, quem vai fazer? O Brasil vai vir aqui? Primeiro, atendemos o pedido do presidente Lula, depois garantimos a segurança das redondezas”, questionou.

Ataque

O encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, Francisco Catunda, afirmou hoje que a sede diplomática está sitiada e negou que a situação esteja normal, como disseram autoridades hondurenhas.

Catunda confirmou que um funcionário da embaixada sentiu os efeitos do gás lançado contra o local. “Está tudo sitiado, não temos telefone, estamos totalmente cercados, isolados”, disse Catunda a jornalistas ao sair da embaixada, onde foi substituído hoje pelo ministro conselheiro do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), Lineu Pupo de Paula.

Catunda contou que ficou cinco dias preso e que teve que fazer “todo um ritual” para poder sair da embaixada, onde se encontra o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, desde a segunda-feira passada, quando retornou ao país de surpresa quase três meses depois do golpe que o derrubou.

“Nada está normal”, respondeu o encarregado ao ser questionado sobre declarações dadas ontem pelo presidente de fato, Roberto Micheletti, sobre a situação na sede diplomática nas quais assegurou que tudo corria com normalidade no local.

Catunda confirmou que foram sentidos na sexta-feira os efeitos de um gás tóxico que havia deixado algumas pessoas com irritações de garganta, como denunciou Zelaya.

“Realmente um de nossos funcionários sentiu isso (o gás)”, sustentou o encarregado de negócios. Catunda manifestou, no entanto, que do lado de dentro não há clima catastrófico, a embaixada está limpa, há equipes de limpeza e as pessoas estão bem.

O encarregado afirmou que o presidente deposto é hóspede oficial da embaixada e que não está a par do que Zelaya faz ou dos contatos que ele mantém, ao lembrar que há no local 63 pessoas do grupo de Zelaya e quatro funcionários da sede diplomática, dois deles brasileiros.

“Nossa atuação é dar assistência logística, tratá-lo com educação, com cortesia, e sempre desejando que o ambiente na embaixada seja o mais calmo possível”, afirmou.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou nesta sexta-feira as ações de intimidação contra a embaixada brasileira, enquanto Micheletti negou que haja interceptação de ligações telefônicas da sede diplomática ou lançamento de gases em direção ao edifício.


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Michelleti diz que não vai retirar tropas que cercam Embaixada do Brasil

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