O presidente interino de Honduras, Roberto Michelleti, admitiu pela primeira vez nesta segunda-feira (5) a possibilidade de restituir o presidente deposto do país, Manuel Zelaya. Isso poderia acabar com a crise política e reforçar o apoio da comunidade internacional ao eleito na eleição presidencial de 29 de novembro.
De acordo com ele, “se houver eleições no país, transparentes, e elegermos o novo presidente, daqui para lá podemos falar em qualquer cenário, qualquer solução ( ) creio que há um motivo para sentar e dialogar ( ) a restituição é uma aspiração do senhor Zelaya, mas deve ser feita com bases legais”.
A restituição de Zelaya deveria, continuou, ser aprovada pela Justiça hondurenha, uma vez que “não se pode restituir um senhor que tem problemas legais”. Contra o presidente deposto, pesa um mandado de prisão pelos crimes de traição e de tentar alterar a Constituição para disputar a reeleição, ainda que Zelaya, refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, não concorde com os crimes.
Na próxima quarta-feira (7), os representantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do atual governo de Honduras devem se reunir com Missão da OEA. O Secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, chegará a Tegucigalpa com dez chanceleres latino-americanos. É a segunda vez que ele busca solução para a crise que estourou em 28 de junho passado com a destituição judicial de Manuel Zelaya.
A crise se agravou em 21 de setembro, quando o ex-presidente entrou clandestinamente em Honduras e se refugiou na Embaixada do Brasil. Com isso, partidários de Manuel Zelaya usam a Embaixada do Brasil em Honduras para convocar novas manifestações de rua. Entre eles, Rasel Tomé, que quer partidários do ex-presidente em passeatas para marcar os cem dias de crise na república da América Central, nesta segunda-feira.
No entanto, o deputado do PT de Pernambuco, Maurício Rands, descarta hipótese de guerra civil
e reconhece que a crise de Honduras é um problema dos hondurenhos. Rands acentua que ainda há muita distância entre as propostas das partes em conflito.
Já o Presidente da Asociación Nacional de Industriales de Honduras, Adolfo Facussé, confirma a proposta para que Zelaya responda por quase vinte crimes comuns. Facussé acentua que haverá distensão com uma anistia judicial pelos delitos políticos cometidos pelo ex-presidente hondurenho.
O Professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Williams da Silva Gonçalves também defende a autodeterminação do povo hondurenho. Ele acentua que nenhum Estado ou organização internacional deve interferir nos negócios internos de Honduras.
Nesta segunda-feira, o presidente de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros. O principal objetivo do encontro é decidir a eventual revogação do decreto do Executivo que estabeleceu o estado de sítio no País.