A comissão de diálogo do presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, assinou na noite da quinta-feira (29) um acordo com os representantes de Manuel Zelaya para dar ao Congresso a tarefa de decidir sobre a volta do líder deposto ao poder.
O anúncio foi feito pelo secretário de Assuntos Políticos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Víctor Rico, em um breve comparecimento perante a imprensa junto ao subsecretário de Estado americano para a América Latina, Thomas Shannon.
O diálogo “chegou a uma feliz conclusão. Há alguns minutos as delegações designadas para este diálogo assinaram a ata e os textos correspondentes”, comentou Rico.
“Foi de acordo das duas comissões que este tema (a restituição de Zelaya) seja resolvido pelo Congresso Nacional”, disse, por sua vez, o chefe da comissão de Micheletti, Armando Aguilar.
Aguilar ressaltou, porém, que ainda “não se falou de prazos” para que o Congresso tome a decisão sobre o assunto.
O acordo, decisivo para superar a crise política, foi assinado pelos membros das duas delegações ao fim de quase 12 horas de diálogo. As conversas foram reatadas hoje após praticamente uma semana estagnadas por desacordos sobre a restituição de Zelaya.
Presidente eleito
“Só o fato de já estarem reconhecendo a necessidade de retroceder os poderes de Estado a 28 de junho de 2009 significa um triunfo para a democracia hondurenha e (…) o retorno da paz para o país”, disse Zelaya à Rádio Globo, após o anúncio da comissão de diálogo.
Para o líder deposto, o pacto também representa a possibilidade de que as eleições em Honduras aconteçam com “igualdade e liberdade”.
Zelaya, que qualificou de “via-crúcis” o caminho para se chegar ao acordo, considerou o pacto “histórico” e pediu calma à população.
“Chamo toda a população, sem reparos sobre nenhuma das ideologias que neste momento estão em vigência: tomemos o acordo com satisfação e com calma e esperemos amanhã [sexta-feira, 30] por sua assinatura final”, comentou Zelaya à emissora, um dos poucos meios locais lhe deram apoio durante a crise.