Depois de várias semanas de tensão pela crise governamental no país, Honduras esqueceu, pelo menos por enquanto, as disputas políticas para celebrar a classificação do país para a Copa do Mundo de 2010.
O presidente interino, Roberto Micheletti, em declaração à rádio HRN, disse que “diante de tanta alegria, hoje é feriado escolar nacional”.
Honduras explodiu em alegria após uma classificação sofrida para a Copa, em uma combinação de resultados que saiu apenas nos acréscimos da partida entre Estados Unidos e Costa Rica.
A vitória de 1 a 0 contra El Salvador e o segundo gol dos EUA, nos últimos segundos, que empatou a partida em 2 a 2 contra a Costa Rica, deram a classificação direta à Honduras pelo terceiro lugar na Concacaf.
Nas principais cidades do país a população foi às ruas para festejar, com carreatas, foguetes, bandeiras e gritos de guerra exaltando o futebol hondurenho.
O presidente deposto, Manuel Zelaya, refugiado na embaixada brasileira desde setembro, ainda não se declarou sobre a classificação do país para a Copa do Mundo.
Porta-voz de Zelaya insiste em que há acordo em Honduras
Rasel Tomei, porta-voz e assessor do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou ontem que já existe consenso quanto à totalidade do texto do acordo para a saída da crise política no país.
“Foi possível pactuar a totalidade do Acordo de San José, todos os seus pontos foram pactuados e já foi possível elaborar o texto correspondente”, disse Tomei.
“Agora, estamos na etapa de validação política, tendo como rota continuar rumo ao Congresso Nacional, que deverá se pronunciar por meio de um decreto em relação ao decreto mediante o qual o golpe de Estado contra o presidente Zelaya se tornou efetivo, para pôr Micheletti à frente desse golpe de Estado”, acrescentou Tomei.
A comissão que negocia em nome do Governo de fato de Roberto Micheletti disse que não foi possível chegar nesta quarta-feira a um acordo para a restituição de Zelaya, mas apontou para avanços no diálogo.
Perguntado sobre esta divergência, Tomei disse apenas que essa será a posição deles. “Há situações que podem mudar em questão de minutos, mas já há acordo”, ressaltou o porta-voz de Zelaya.
Tomei insistiu em que “o texto já está estipulado”, e “se existe ética, se haverá atuação de acordo com o texto e a política e a comunidade internacional, vamos pelo caminho da restituição do presidente Zelaya”.
“Esperamos que o acordo seja assinado nas próximas horas e passaremos à validação política”, disse Tomei, ao acrescentar que não há data, por enquanto, para a restituição de Zelaya.
Segundo Tomei, o diálogo continua amanhã e Zelaya “mantém a atitude de continuar junto ao povo lutando pela democracia e pela restauração da soberania popular”.
As afirmações de Tomei também contrastam com as da vice-chanceler de Zelaya, Beatriz Valle, a qual disse hoje a jornalistas que “não há nenhum acordo, mas sim propostas”.