Na manhã da segunda-feira (1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que indicam uma leve recuperação da produção industrial. No entanto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que o setor ainda tem uma atividade reprimida, mas também reconhece uma leve expansão.
É normal que as entidades de classe sejam menos otimistas que o governo quando se fala de cada setor. No caso da CNI, a opinião é que neste momento ainda é bastante prematuro constatar uma recuperação para a indústria brasileira, que só pode ser notada nos próximos meses.
Uma das preocupações da CNI é com o mercado de trabalho, que ainda segue perdendo vagas, além também de outros indicadores de atividade industrial (faturamento, produção, número de horas trabalhadas, utilização da capacidade instalada e emprego) na comparação entre o primeiro trimestre de 2009 e 2008. Neste ano, os números são inferiores aos do ano passado.
Os técnicos da entidade entendem que para o setor fechar o ano com crescimento nulo, ou seja, para que o nível de produção seja o mesmo de 2008, seria necessário um crescimento da atividade industrial de 13,5% de abril até dezembro deste ano. Porém, a continuação da queda do emprego e do baixo nível de utilização da capacidade instalada, em um cenário de menor demanda e dificuldade de acesso ao crédito, reduzem a probabilidade de crescimento da produção industrial em 2009, destaca a CNI em documento. Para este ano, a entidade trabalha com queda de 2,8% na produção da indústria.
Uma das preocupações da CNI é que os impactos da crise na produção industrial brasileira tenham sido maiores do que nos outros países em desenvolvimento. No caso da Índia, a queda em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2008, foi de 1,4%, enquanto na China houve expansão de 11%. Já no Brasil, esse número foi de -18,8%.
A recente valorização do real ante ao dólar é outra preocupação para o setor. O documento divulgado diz que, com a moeda mais forte nos últimos anos, a competitividade de diversos segmentos industriais reduziu a capacidade de exportação da indústria do país.
A CNI esperava que o setor pudesse se recuperar de forma mais consistente com o dólar sendo cotado a R$ 2,30, já que daria melhores condições de competitividade. Agora, com a moeda abaixo de R$ 2,00, a preocupação com a queda das exportações voltou para a pauta das indústrias.