Na noite da quarta-feira (2), o Banco Central anunciou que a taxa referencial de juros da economia brasileira foi mantida em 8,75%, o que interrompe uma seqüência de cortes. Apesar da medida, especialistas acreditam que os efeitos da política adotada nos meses anteriores estão começando a surtir efeito.
Na visão dos economistas, um corte de juros demora entre seis e oito meses para parecer na economia real para fazer efeito sobre o custo do crédito. Com isso, a tendência é que as taxas dos financiamentos de empresas e para o consumidor continuem a cair influenciadas por três fatores principais: maior demanda pro crédito com retomada da economia; bancos privados terão que competir no crédito para retomar o espaço perdido para os estatais; e a inadimplência deve começar a cair.
Para o ex-presidente do BC e sócio da consultoria Tendência, Gustavo Loyola, a decisão de manter a taxa Selic é evitar pressões inflacionárias em 2010, mas também para dar tempo dessa política montaria gerar pleno efeito na economia. “Há certo conservadorismo do BC. Até porque ninguém sabe determinar a taxa de juros de equilíbrio. O que se sabe é que você chegou perto dela e tem de andar mais devagar”, disse Loyola, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo.
Loyola entende que o BC vê a economia em recuperação e que os estímulos anteriores ainda estão fazendo efeito. Para ele, ser prudente é uma boa opção. “Se a economia não tivesse reagindo, ainda seria momento de mais estímulo”, disse.
Quem também concordou com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi outro ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas. Ele explicou para a publicação paulista que o risco de inflação é baixo e que agora a autoridade monetária está analisando o cenário para ter mais evidências sobre o ritmo de recuperação da atividade.
Para Freitas, já há uma retomada na recuperação do crédito para pessoa física e que existe a tendência da redução dos juros. No entanto, ele não tem a mesma certeza de que isso vai acontecer com as empresas. “Vai depender dos investimentos, já que muitas empresas são voltadas ao mercado externo”.