Em meio a um ambiente rico e diferente das demais regiões do país e a uma cultura igualmente valiosa em mitos, lendas e histórias, as crianças e os adolescentes que vivem na Amazônia recebem um material didático diferenciado de outros estados brasileiros.
Aspectos relacionados à realidade amazônica, ao meio ambiente, à cultura e às tradições locais são levados em conta no processo de escolarização. Livros escritos em línguas indígenas também são utilizados. Tudo é pensado para que esses estudantes conheçam as particularidades da Amazônia e também possam preservar suas culturas e tradições.
De acordo com uma das coordenadoras da Gerência de Educação Escolar Indígena do Amazonas, Rosângela Negreiros, apesar da melhoria e da ampliação desse tipo de material regionalizado, um dos maiores desafios para a educação na Amazônia é garantir a formação de professores para atuar nas áreas mais distantes. Desde 1997, a Secretaria de Educação do Amazonas, desenvolve o Projeto Pirayawara com intuito de formar professores indígenas nas aldeias.
Enquanto os antepassados vão falecendo, os professores estão presentes e são fundamentais para sustentar toda uma cultura. Essa é uma de nossas apostas, destacou.
Segundo o Ministério da Educação, menos de 28% dos indígenas que cursam o ensino fundamental chegam ao ensino médio. Alguns deles também são ribeirinhos, mas apesar das dificuldades, é preciso criatividade para contornar os problemas de todas essas populações. Em Tabatinga, no sudoeste do Amazonas, por exemplo, a simetria das formas e cores do artesanato ticuna é usada para ensinar matemática.
Na zona rural de Manaus, para reduzir o número de faltas dos estudantes, o projeto E-Poronga, levou computadores portáteis e com acesso à internet para centenas de alunos. Esses computadores foram fabricados exclusivamente para o uso de crianças e adolescentes. Segundo o fabricante, os modelos são mais resistentes e poderão ser utilizados até mesmo nas áreas verdes ao redor das escolas. O nome do projeto foi inspirado na poronga, a lanterna utilizada por seringueiros para iluminar as áreas escuras de trabalho.
Na avaliação da secretária adjunta de Ensino do Pará, Ney Cristina de Oliveira, os estados da Amazônia têm muitos desafios em comum na área de educação. Para ela, o processo de educação é fundamental em qualquer país e garantir o acesso ao ensino, oferecer condições dignas de infraestrutura e professores qualificados é o ponto de partida para reconhecer a cidadania de cada indivíduo.
Temos que ter processos inovadores e diferenciados de outras regiões para que possamos dar conta da universalização do atendimento, seja na educação fundamental, no ensino médio, jovens e adultos ou educação infantil. É preciso levar em conta a nossa diversidade cultural e as nossas enormes distâncias geográficas, resumiu.