Logo nos primeiros acordes roqueiros de My Home Is My Man, já fica claro que Mallu Magalhães cresceu. Em seu segundo álbum de estúdio (o primeiro, auto-intitulado, foi lançado em novembro de 2008), a cantora de 17 anos prova que o tempo passa rápido na vida de uma adolescente.

O folk tranquilo e artesanal do primeiro álbum foi substituído por uma produção cuidadosa e um repertório repleto de influências. Em Mallu Magalhães, a cantora abre espaço para o reggae (Shine Yellow), violinos em clima de música clássica (É Você Que Tem), country (You Ain’t Gonna Loose Me), psicodelia a la George Harrison (Bee On The Grass), toques de blues e, acredite, até sons da Tropicália.

Mais segura e com um discurso de artista que já conseguiu superar seus primeiros percalços na indústria fonográfica, Mallu conversou com o Virgula Música sobre o processo de composição de seu segundo álbum e afirma: “Aprendi a me impor no estúdio”.

Como foi o processo de composição deste seu novo CD, que teve o trabalho de Kassin na produção?
Foi tudo muito natural. Sou uma compositora em massa, nunca paro de escrever, então logo após a gravação do meu primeiro álbum eu já comecei a trabalhar em novas músicas. Ao todo, tinha umas 30 para esse novo disco. Daí, eu compus em casa e gravei em umas fitas, mas o meu cachorro comeu tudo. Verdade!). Só que as melhores a gente sempre tem de cor, então foi tranquilo para gravar depois (risos). Escolhi a produção do Kassin por sua versatilidade no estúdio. Os convidados especiais eram pessoas próximas a mim.

No começo de sua carreira, um dos charmes da sua música era o caráter mais artesanal, caseiro. A produção de Kassin trouxe uma cara mais profissional para as faixas. Você acha que elas perderam um pouco da espontaneidade?
Creio que não. A gente vai aprendendo, claro, é sempre um processo de amadurecimento. Mas esse disco foi caprichado, minucioso, e o Kassin obviamente conseguiu trazer às músicas o profissionalismo ideal. Só que esse profissionalismo também é meu. Cresci muito e, hoje, sou muito presente em todas as decisões. Sei me impor, ao mesmo tempo que escuto e respeito a opinião dos outros músicos. Esse CD é a minha cara.

Dessa vez, você mesclou músicas em português e inglês. Por que essa escolha?
Não sei por que, mas antes eu era muito travada para compor em português. Hoje já consigo me exprimir melhor, talvez por estar ouvindo mais música, e consegui equilibrar bem faixas em português com faixas em inglês. A essência do álbum é essa mistura.

O álbum tem elementos de country, reggae, blues e outros estilos. De onde vem tal mudança, considerando que seu primeiro álbum era quase todo de folk?
Quando a gente cresce, pode se permitir coisas mais ousadas. Senti que era a hora de colocar na música mais sons, que eu gostava pra caramba. Eu sou muito eclética, escuto de tudo. É legal que eu estou procurando minha essência. Eu não sou uma coisa só, senão seria um produto. Acho que, inclusive, criei um estilo, que é o de não ter medo de colocar a si mesmo no CD.

Na festa da revista Rolling Stone, você e Marcelo Camelo (vocalista do Los Hermanos e namorado da cantora) fizeram sua primeira apresentação conjunta. Como foi o show?
Ah, claro que foi lindo (risos). Foi um momento muito especial e quer demandou muito trabalho. Ficamos ensaiando seis, sete horas por dia ensaiando para que tudo desse certo. Quem sabe podemos fazer mais shows no futuro. Vamos ver.

O que você ouve ultimamente, de música nacional e internacional? Quais artistas influenciam seu processo de composição?
Ouço muita coisa e estou sempre mudando. Mas sempre escuto muito Nara Leão, Chico Buarque, Noel Rosa, Mutantes, Los Hermanos, Roberto Carlos… e de internacional muito coisa diferente, de Bob Marley a Devendra Banhart.

Você tem apenas 17 anos, mas já gravou dois álbuns. Como é lidar com essa expectativa? Você já comentou que é insegura para lidar com toda essa pressão. E muitos dos seus tropeços viraram hits no You Tube.
Eu peço apoio, peço colo. Dos meus amigos, da minha família e do Marcelo. Eu sou insegura principalmente por ter o coração muito aberto. O meu amadurecimento como artista inclui isso: aprender a colocar um escudo nele. Preciso me proteger disso, seguir em frente. É isso que estou aprendendo. Tenho confiança no meu trabalho e acho que, hoje, todo mundo sabe reconhecer quem é artista de verdade e quem não é.

Leia a crítica do segundo disco de Mallu Magalhães


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Mallu Magalhães diz estar mais segura como artista em segundo CD