Os cursos de formação inicial não contemplam todas as competências necessárias para ser professor, na opinião de 51% dos 3.512 educadores de ensino básico entrevistados para a pesquisa “A formação e a iniciação profissional do professor”. Apenas 18% disseram acreditar que as faculdades oferecem toda a capacitação necessária, enquanto 30% não tinham opinião sobre a questão.


 


O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (22), foi elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos e a Fundação SM,  a pesquisa  ouviu principalmente (96%) professores da rede pública. Apesar de apontarem deficiências nos cursos, 57% deles acreditam que a formação inicial está diretamente ligada à qualidade do ensino.


 


“Os cursos de formação são bons. A questão é que eles ensinam coisas erradas, que não têm valia para a relação de ensino e aprendizagem que depois acontece na sala de aula”, disse a responsável pela análise dos dados da pesquisa, Gisela Wajskop.


 


Doutora em educação, Gisela afirmou que os cursos de pedagogia revisam uma série de teorias de ensino de maneira generalista. Segundo ela, os professores não aprendem nem as técnicas para transmissão do conhecimento nem como se relacionar com os alunos. “Como o professor aprende por repetição e memorização, ele vai ensinar por repetição e por memorização”.


 


O curso de pedagogia é responsável pela formação de 43,6% dos entrevistados. Quase o mesmo número de consultados (43%) afirmou que essa qualificação não oferece equilíbrio entre a teoria e a prática.


 


Os estudantes são os maiores prejudicados pela incapacidade dos professores em transmitir o conteúdo de maneira a gerar reflexão, na avaliação de Gisela. “Quem se prejudica são as crianças, os jovens e os adolescentes que aprendem apenas a memorizar noções e não se apropriam do conhecimento como instrumentos de reflexão e transformação do mundo.”


 


Os professores, no entanto, também sofrem com a falta de preparação para lidar em sala de aula. “Imagina um menino entre 20 e 30 anos que aprendeu os teóricos da educação, mas que não aprendeu o procedimento de organizar uma turma que grita”, exemplifica a educadora.


 


De acordo com a pesquisa, 39,7% dos professores com menos de três anos de experiência pensaram seriamente em abandonar a profissão nos últimos anos. O número cai para 25% quando se considera todas as faixas de experiência.


 


Estágios supervisionados e outra atividades que permitam a observação e interação do ambiente escolar são recomendações de Gisela para tentar solucionar o problema.


 


Na Finlândia, por exemplo, dentro das universidades existe uma escola de treinamento onde os alunos têm desde o início do curso a té a experiência de trabalhar dentro de uma sala de aula, contou o professor do Instituto Finlândes de Pesquisa da Universidade de Jyväskylä, Jouni Välijärvi.


 


Entretanto, ele ressaltou que essa experiência tem uma duração muito curta para que o educador tenha uma noção completa da profissão. Por isso, Välijärvi explicou que o país está aprimorando a formação dos professores por meio de um sistema de estudo e discussão dentro das escolas. “Atualmente, estamos desenvolvendo um sistema em que os professores mais velhos ajudam os mais novos quando chegam à escola. Eles discutem sobretudo que os mais jovens necessitam e estão sempre disponíveis, apoiando e dividindo a sua experiência.”


 


 


 




 


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Mais da metade dos professores reconhece falhas em cursos de formação, aponta pesquisa

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