O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta sexta-feira (28) à Colômbia “garantias jurídicas” de que o convênio militar que o país assinou com os Estados Unidos não vai afetar a estabilidade na região. A solicitação de Lula foi feita em discurso na Cúpula Extraordinária da União de Nações Sul-americanas (Unasul), em Bariloche, Argentina.
“Respeitamos o acordo, mas queremos nos resguardar”, afirmou o presidente, que insistiu na necessidade de que os países da região possam “ter a segurança” de contar com instrumentos jurídicos que garantam que o acordo “é específico para o território colombiano”.
“Não está (no acordo), mas também não é proibido, o que não é proibido é permitido, temos que ter cuidado com isso”, afirmou. “Ter cuidado e tomar sopa não fazem mal a ninguém”, brincou o governante.
Obama
Lula disse que ainda aguarda uma resposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a sua proposta de convocar uma reunião com os membros da Unasul para debater o tema.
Ele destacou a importância de “provocar uma boa discussão com Obama para discutir qual é o papel dos EUA para a América Latina”, mas admitiu que “é difícil que um presidente em começo de mandato tenha o controle de tudo”.
O presidente, que se mostrou partidário de convocar o Conselho de Defesa Sul-americano para fazer um “estudo real” sobre a situação das fronteiras dos 12 membros da Unasul, admitiu que a soberania nacional “é algo sagrado”, mas pediu que Uribe reflita.
“O que queremos é que quando o companheiro Uribe tenta mostrar que as bases (dos EUA) já existem na Colômbia desde 1952, eu queria dizer de maneira muito carinhosa, se as bases americanas estão na Colômbia desde 1952 e ainda não há soluções ao problema deveríamos pensar em outra coisa que pudéssemos fazer em conjunto para resolver os problemas”, ressaltou.
“Uma decisão da Unasul é uma garantia institucional coletiva de nosso continente de que poderíamos solucionar este problema se nos abríssemos à discussão com toda a verdade absoluta deste problema”, ressaltou.
Tráfico
Lula admitiu que os traficantes de drogas utilizam as fronteiras dos países do Cone Sul, mas lembrou que “os grandes consumidores não estão” na região.
“Seria extremamente importante que o mundo rico, além de querer combater o narcotráfico em nossas fronteiras, o combatesse dentro das suas fronteiras”, defendeu.