Pelo segundo dia seguido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um duro discurso na 15ª Convenção das Partes da Convenção das Nações Unidas, que se encerra nesta sexta-feira (18) em Copenhague, na Dinamarca, reiterando que o Brasil está disposto a “se sacrificar”, se for necessário, para impedir o aumento do aquecimento global, antes de informar que “submeter chefes de Estado a determinadas discussões como nos fizemos ontem, há muito tempo não assistia”.
Ele explicou que, se for necessário, o país “está disposto também a colocar mais dinheiro para ajudar os países que necessitam de ajuda”, antes de se dizer frustrado com a situação atual, uma vez que “há muito tempo discutimos a questão clima e, cada vez mais, constatamos que o problema é mais grave do que nós possamos imaginar”.
Após informar os chefes de Estado que “o Brasil teve uma posição muito ousada, pensando em contribuir para a discussão na conferência climática”, Lula revelou que foi muito positiva a reunião que envolveu 32 nações, convocada por ele e pelo francês Nicolas Sarkozy, que avançou pela madrugada e terminou com um esboço, ainda que este não preveja qualquer meta para a redução na emissão de gases do efeito estufa.
Por outro lado, concluiu, “o dinheiro colocado na mesa agora é o pagamento pelas emissões de CO2 feitas durante dois séculos por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro ( ) quem tem mais recursos ou mais possibilidades precisa garantir a contribuição para proteger os mais necessitados”.
Logo depois no Bella Center, local onde acontecem as reuniões, começou a falar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que chegou apenas nesta sexta a Copenhague, e que cobrou a finalização de um acordo imediato, mesmo que este não seja perfeito, uma vez que o “tempo de falar acabou” e é necessário “mitigação, transparência e financiamento”.
Ainda que os países precisem tomar “ações imediatas”, ele disse que, em sua opinião, qualquer trato apenas terá relevância e será levado em consideração se as metas estiverem definidos, e a maior economia do mundo está disposta a assumir a responsabilidade por parte das emissões.
Apresentado por volta das 10h30 (horário local, 7h30 de Copenhague), o esboço do acordo final da 15ª Convenção das Partes da Convenção das Nações Unidas, que é realizada em Copenhague, na Dinamarca, não prevê a definição de qualquer meta para a redução nas emissões de gases do efeito estufa até 2020 ou 2050, como queriam especialistas, ambientalistas e alguns chefes de Estado.
O texto prevê apenas que o limite para o aquecimento global deve ser de dois graus centígrados até 2100, com base na temperatura da era pré-industrial, sendo que isso seria possível graças a um fundo internacional, de US$ 100 bilhões por ano, que custearia a redução das emissões nas nações em desenvolvimento até 2020.
Os países seguiriam negociando, para concluir um ou mais tratados até o final do ano que vem, e o esboço, obtido pela agência internacional Reuters, contém “espaços em branco”, para que as nações ricas preencham os compromissos de cortes na emissão de gases até 2020. O texto alega que “reconhecendo a visão científica de que o crescimento nas temperaturas globais não deveria exceder dois graus, as partes se comprometem com uma vigorosa resposta através de imediata e aumentada ação nacional baseada em fortalecida cooperação internacional”.