Vai demorar para torcedores corintianos e palmeirenses verem seus times se enfrentar na capital paulista. Na hora do clássico, os dois vão para Presidente Prudente. O motivo real? Nos bastidores, especialistas apontam vários, especialmente políticos. Oficialmente, o vice-presidente de futebol do Corinthians, Mário Gobbi, afirma existir um acordo recente entre as duas diretorias para que todos os jogos entre eles sejam realizados no estádio Eduardo José Farah. “Temos um acordo de fazer os jogos em Presidente Prudente e dividir igualmente a renda”, diz Gobbi.

Despesas com transporte (afinal, são mais de 500 km de São Paulo), alimentação e hospedagem que os clubes teriam, são pagas pela prefeitura da cidade anfitriã. Em resumo: não há ônus para os clubes, que só precisam se preocupar com o ‘espetáculo em campo’. “É altamente rentável para os dois times”, confirma Gobbi.

Ignorando solenemente o Morumbi, e descartando Pacaembu e Palestra Itália, outro motivo alegado pelos dirigentes dos clubes é a falta de um estádio na capital com capacidade para acolher um clássico desse porte. Afinal, no início do ano, dirigentes corintianos deixaram de se entender com os chefões do São Paulo. O clima de pouca cordialidade entre os dois se tornou público quando Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, declarou que, enquanto estiver no cargo, seu time “não joga no Morumbi”. Desde então, tem cumprido com a palavra.

À parte com as questões políticas, a rentabilidade de mais de sete dígitos é mesmo o grande atrativo do Farahzão. Especialistas esportivos até concordam.

Vitor Birner, comentarista esportivo da TV Cultura e da rádio CBN, ressalta que os dois clubes se recusam a mandar seus jogos no Morumbi por questões políticas. “Mas se os jogos fossem na capital, e acontecessem no Pacaembu, segundo maior estádio de São Paulo, o palmeirense iria exigir que um deles fosse no Palestra Itália. Mas o Corinthians não joga lá há anos, ao contrário de São Paulo e Santos”, lembra Birner. “Além disso, um jogo no Pacaembu e outro no Palestra Itália representaria lucro bem menor que os dois realizados no Interior”, acrescenta. Para Birner, quem deveria reclamar é o torcedor, que na hora do clássico, ou não pode ir ao estádio, ou tem de gastar muito para se deslocar mais de 500 km. “Mas como futebol é passional, ninguém reclama. Então…”

O jornalista Luiz Antônio Prósperi, sub-editor do Jornal da Tarde, também concorda que o motivo seja financeiro. E lembra que o estádio Eduardo José Farah foi inaugurado na década de 90 com objetivo de tentar reduzir a violência das torcidas da capital. Na época, sediou algumas partidas, mas não foi adiante.

Prósperi lembra ainda que, se fosse no Morumbi, o time mandante teria de pagar pelo aluguel do estádio (cerca de 12% da renda da bilheteria), mais as despesas com manutenção, mais eventuais reparos por danos causados por torcedores no estádio. “O custo na capital é alto e o lucro acaba sendo baixo. No interior não. O lucro é de 100% com a bilheteria e tem mais os extras com a venda de produtos, que no Interior tem um público consumidor potencial bem maior. E o gasto dos clubes é zero. É muito bom para eles”, diz.

Dinheiro público financiando partidas de futebol é outra questão importante. E tão polêmica quanto o próprio futebol. Mas não vem ao caso agora. O fato é que, enquanto o ‘faturamento’ estiver valendo a pena, Corinthians e Palmeiras continuarão se deslocando mais de 500 km para realizar suas partidas em Presidente Prudente. E a próxima, pela segundo turno do Brasileiro, também já foi confirmada por Gobbi: será no Farahzão.

E você, é a favor ou contra o clássico entre Corinthians e Palmeiras ser realizado em Presidente Prudente? Palpite!


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Lucro de 100% leva Corinthians e Palmeiras a realizar seus jogos em Presidente Prudente