Neste dia, no qual os jovens saem às ruas com roupas velhas, todos pintam e se deixam pintar em cores vivas, o que simboliza a eliminação de qualquer forma de discriminação, seja de idade, religião, sexo ou nível social.
Nos bairros, mesclam-se os gritos infantis de adultos embriagados com os tambores festivos, enquanto uma cidade como Nova Délhi recebe várias festas diurnas em áreas de lazer, algumas delas com proposta “ecológica”, para evitar o uso de corantes tóxicos e as visitas ao dermatologista no dia seguinte.
A festa tem suas raízes nas comemorações promovidas pelo deus Krishna, o primeiro ao qual as castas baixas puderam rezar graças ao fato de ter nascido em uma família rural.
Encarnado em um príncipe que ganhava os corações de todos com suas brincadeiras leves e amáveis, Krishna projetou este costume para eliminar as distinções sociais e aproveitou para paquerar todas as meninas do povoado, de acordo com a mitologia hindu.
LEITE COM MACONHA = BHANG
“Na Holi, os casais têm a oportunidade de se tornar mais carinhosos”, explicou Nainwal, que destacou que é o dia perfeito para encontrar um par, já que todos podem se aproximar e tocar outros jovens com o pretexto de pintá-los sem que eles se sintam ofendidos.
Durante esta festa, as mulheres têm inclusive a possibilidade de beber o popular “bhang”, uma bebida de leite com folhas de maconha que exalta as emoções e contribui para deixar mais soltos os jovens.
Muitos aproveitam a ocasião do Holi para misturar o “bhang” nas bebidas de amigos ou idosos com quem querem brincar.
Ao cair a tarde, quando a maioria volta para casa para tomar banho e tirar as cores que ficam presas a suas peles, cabelos e unhas, pelas ruas e parques é possível ver gente rindo ou chorando sem parar sob o efeito do “bhang”.
No entanto, como explicou o jovem Nainwal, a festa não é só um dia para as brincadeiras, mas também ocasião para esquecer velhas rixas.
“Todos visitamos parentes e vizinhos para pintá-los. É o melhor dia para esquecer rancores e se reconciliar, no espírito da festa”, disse.
FAMÍLIAS ABREM AS CASAS
As famílias recebem dezenas de convidados e oferecem a eles doces preparados em casa especialmente para a Holi.
“É o festival das cores e comemora a vitória do bem sobre o mal”, observou Nainwal, porque também lembra a morte da demônio Holika, que tentou queimar vivo seu sobrinho Prahlad, mas se queimou no processo, como simbolizam as fogueiras públicas da noite que antecede a Holi.