(Da redação) – O leilão de peças de arte do estilista Yves Saint Laurent e de seu companheiro Pierre Berge, o mais bem sucedido do século, acabou servindo para colocar mais lenha na fogueira da já tensa relação entre os governos da China e França. Um consultor do Fundo Nacional de Tesouros da China, Cai Mingchao, arrematou duas peças e anunciou que não pretende pagar por elas, já que as obras pertenceriam ao governo de seu país.

A polêmica sobre as duas estatuetas, que representam as cabeças de um coelho e de um rato (foto), já havia levado o governo chinês a tentar impedir o leilão, que aconteceu na semana passada. As peças foram saqueadas do Palácio de Verão, em Pequim, por soldados britânicos e franceses, em 1860, e há muito tempo China pede sua restituição. No entanto, a Christie”s – responsável pelo leilão – explicou que o procedimento foi liberado pela justiça francesa, uma vez que Yves Saint Laurent comprou as estatuetas legalmente.

Mingchao arrematou as duas peças por 15,7 milhões de euros (aproximadamente R$ 47 milhões) e justificou que fez isso como um “ato patriótico”, que qualquer chinês teria feito em seu lugar. Mas já declarou publicamente que sequer possui o dinheiro para pagar pela compra.

China e França já enfrentam problemas diplomáticos graças à questão do Tibete. Além do presidente Nicolas Sarkozy ter se encontrado com o Dalai Lama no final do ano passado, na Polônia, muitos franceses aproveitaram a passagem da tocha olímpica por Paris, também em 2008, para protestar pela liberação do Tibete.

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Leilão de obras de arte cria atrito entre China e França

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