Se tivesse uma pesquisa que apontasse quantos fumantes já jogaram o final de seu cigarro no chão, provavelmente 99,9% fariam parte deste quadro. Ainda mais em um país como o Brasil, que ainda não criou nenhum tipo de penalidade para este caso em específico.
Em Londres, por exemplo, se um fumante é visto pelos guardas jogando uma bituca no chão, é multado em 50 libras. Já no Japão, a multa para o espertinho pode variar de 2 mil a 20 mil ienes (R$ 34,90 a R$ 349).
Por aqui, além da lei estadual de antifumo aprovada nesta semana em São Paulo, tem a iniciativa do deputado federal Doutor Talmir (PV-SP), que prevê multar o motorista que dirigir fumando. O seu projeto de lei, apelidado de Lei Seca do Cigarro, deve entrar em discussão ainda em abril.
Uma bituca de cigarro acesa pode destruir um canavial, provocar incêndios, além de poluir e entupir bueiros, diz Talmir. Conforme previsto no Código de Trânsito, o motorista tem que dirigir com as duas mãos no volante, para assim evitar acidentes e distração. Fumando, o motorista se distrai, pois procura isqueiro e também permanece só com uma mão no voltante, diz o deputado.
Para Talmir, a lei tem grande chance de ser aprovada, por causa da grande campanha contra o tabagismo que está acontecendo no Brasil. Se São Paulo surpreendeu a todos com a lei antifumo, é possível que essa lei seja aprovada. A pena para quem fumar ao volante ainda será discutida, segundo o deputado federal.
HÁBITO DOS FUMANTES
Eu procuro sempre jogar no lixo ou evito jogar na rua são as frases
mais comuns que os fumantes costumam dizer, quando o assunto é o que
fazer com as bitucas de cigarro. Mas apesar da tamanha boa vontade,
muitas vezes elas acabam parando no chão.
Cada bituca demora
cerca de dois anos para se decompor, isso se estiver em ambiente
natural. Em uma cidade metropolitana, com grande parte do chão
asfaltado, o tempo de vida delas é maior e pode chegar a 15 anos.
Agora
imagine, em São Paulo possui cerca de 19 milhões de habitantes e
estima-se que um a cada cinco moradores fumem. Portanto, se cada pessoa
fumasse um maço por dia, seriam 76 milhões de bitucas jogadas pela
cidade em cerca de 24 horas. Muita coisa, certo?
Eu sei que
elas poluem, mas muitas vezes não tem onde jogar e, se deixar no carro,
fica um baita cheiro, diz Danilo Fernandes, 25. Já o ex-fumante Mario
Bucci, 22 anos, achava normal jogar na rua. É quase automático, você
acaba o cigarro e joga a bituquinha longe, diz.
Para Marina
Morais, 20 anos, acontece o mesmo. Quando não tem um cinzeiro por
perto, é normal jogar no chão, afirma a estudante. E Luis Fernando
Santos, 24 anos, confessa: Eu não curto jogar, mas bituca não é que
nem papel de bala que dá para guardar no bolso e jogar no lixo de casa
depois.
ALGUMAS ALTERNATIVAS
Elas não precisam necessariamente ficar no chão e, cada vez mais, estão surgindo novos fins para as incômodas e inevitáveis bituquinhas de cigarro. Confira algumas alternativas que colaboram com o meio ambiente e, se fuma, veja qual delas tem mais a sua cara:
>> Cinzeiro de Bolso
Ainda pouco comuns, eles são muito úteis. Os cinzeiros portáteis podem ser levados no bolso e existem modelos para os mais variados gostos (confira as fotos acima). Uma iniciativa bem bacana foi a do Festival Planeta Terra 2008, que destribuiu 7 mil porta-bitucas de plástico para o público.
>> Reciclagem de bituca
A professora de artes do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), Thérèse Hofmann, é mestre em reciclar os materiais mais incomuns. Uma de suas façanhas foi transformar bituca de cigarro em papel.
>> Bituca fashion
A designer e estilista chilena Alexandra Guerrero (foto acima) conseguiu desenvolver lã a partir de bitucas de cigarro. Alexandra reciclou cinco mil bitucas, que ela própria coletou em Santiago, e confeccionou vestidos, ponchos e acessórios com elas.
>> Nos museus
Pensando em uma maneira de se livrar das bitucas de cigarro, o norte-americano Tom Deininger resolveu criar esculturas (foto acima) com elas. O próprio artista é quem recolhe pela rua as bituquinhas.
