O sambista Leandro Sapucahy resolveu arriscar em seu terceiro projeto. Após lançar seu álbum de estreia, Cotidiano, e o DVD Favela Brasil, no qual levou seu samba para a Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor decidiu interpretar o repertório de um sambista das antigas, Roberto Ribeiro, no álbum Leandro Sapucahy Cantando Roberto Ribeiro.
A inspiração de fazer um álbum o repertório do Roberto veio da minha mãe, que cantava muito as músicas dele e sempre ficava me cobrando: quando você vai gravar as músicas dele? E, sabe como é, essas coisas de mãe ficam na gente… brinca o sambista, falando da mãe, Jacy Silveira, que participa do álbum cantando na faixa Nega do Peito.
Em Leandro Sapucahy Cantando Roberto Ribeiro, o cantor passeia por composições como Estrela de Madureira, samba enredo do Império Serrano de 1975 composto por Acyr Pimentel e Cardoso, Acreditar, um dos primeiros sucessos da dupla Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, e Meu Drama, de Silas de Oliveira e J. Iralindo.
O cantor conta que, além da influência da mãe, as músicas de Roberto Ribeiro serviram para ampliar seu repertório e descansar um pouco da faceta mais política de sua música: em seu álbum anterior, Cotidiano, ele misturou samba e rap para falar da desigualdade da sociedade brasileira.
Eu tinha um repertório mais pesado, como a faixa Polícia e Bandido, que fiz com o Marcelo D2. Daí a mulherada nos meus shows pedia canções de amor, né? Então lá fui eu… ri Leandro. Além disso, a minha preocupação neste álbum é continuar um perfil que eu já tenho na minha carreira, de sempre escolher repertório que tenha conteúdo, letras consistentes e sonoridades variadas, completou ele.
Na hora de interpretar as músicas do ídolo, Leandro afirma que optou pela simplicidade. Hoje existe uma tendência, principalmente nesses sambas radiofônicos, dos intérpretes ficarem fazendo firulas e competindo para ver quem tem a melhor performance vocal. Não quis fazer nada disso. Samba tradicional é sentimento. Fiz um feijão com arroz com consistência, qualidade, afirmou Leandro.
Revival do samba
Com seu novo disco, Sapucahy entra de vez na lista de novos artistas ligados ao samba tradicional, ao lado de gente como Diogo Nogueira, Mariana Aydar e até Maria Rita. Me considero parte desse movimento, que quer fazer um samba sempre com conteúdo e elementos tradicionais. Algo mais melodioso, maduro, que canta um amor que não é mais adolescente. E essa demanda por samba vem do público, afirma o cantor, que considera que seu novo álbum é feito para as ruas.
Normalmente, um álbum é feito pensando em como adaptar para o palco. Esse meu CD não, ele vem da rua para os palcos. Essa sonoridade tradicional, composta só por cavaquinho, bandolim, violão, violão de sete cordas, flauta, surdo, cuíca, pandeiro e muita percussão, foi pensada para rodas de rua, boteco, feijoadas de quadra de escola de samba, garante.
Apesar do novo CD ter acabado de chegar nas lojas, o cantor não vai parar de produzir novidades. Atualmente, além de trabalhar no remix da música Pode Acreditar, parceria entre Marcelo D2 e Seu Jorge, Sapucahy planeja fazer um álbum de inéditas e lançá-lo em 2011.
Quero fazer algo alegre, versátil, um samba com a pegada do Zeca Pagodinho, por exemplo. Um CD com cara de churrasco de fim de semana, diz. E tem mais por aí, segundo ele: Também estou trabalhando em outra homenagem, mas na produção. A intenção é fazer um Marcelo D2 cantando Bezerra da Silva. Pode esperar!, completou.