Pitty – Chiaroscuro

A palavra-chave do novo CD de Pitty, Chiaroscuro, é capricho. Da afiada produção de Rafael Ramos, que garante a consistência e a unidade do álbum, até as composições que falam sobre perdas, decepções e crise de identidade, tudo evidencia o cuidado que a cantora teve para criar um
projeto conceitual e que pudesse elevar o nível artístico de seu trabalho.

A sonoridade do álbum mostra que Pitty quis fazer um trabalho que se destacasse em relação a suas composições anteriores, que evidenciavam um gosto pelo rock simples e direto. No disco, a baiana resolveu se
distanciar das guitarras pesadas, apostando em arranjos que flertam com o tango (em Água Contida) a baladas sinistras e depressivas como A Sombra e Só Agora, além de faixas como Desconstruindo Amélia, que conta o cotidiano de uma mulher de 30 anos que resolveu mudar de vida.

Entretanto, nem todo o capricho da produção e a complexidade das letras compensam o principal problema do álbum: a voz de Pitty, que não consegue dar vivacidade e variar tons de maneira eficiente em faixas como Medo, embora faça um bom trabalho nas baladas do álbum.

Por outro lado, a cantora é acompanhada por uma competente banda: o baterista Duda, o baixista Joe e o guitarrista Martin fazem um trabalho impecável do começo ao fim do álbum, tocando as músicas com um tom dramático e pesado, que casou perfeitamente com a proposta do álbum.

Embora algumas músicas sejam bem fracas e apresentem até mesmo certo descompasso entre letra e a melodia, casos de 8 ou 80 e Me Adora, Pitty conseguiu em Chiaroscuro criar um álbum consistente, com boas composições e que consegue surpreender com a mistura de sonoridades, mas sem exagerar na experimentação. (Stefanie Gaspar)

Stevens – De Zero a Cem

Incrível, mas ainda há esperança na música feita para jovens no Brasil! Num cenário em que o padrão é o rock estilo “radical de shopping center”, dá até alívio saber da existência do Stevens. Fenômeno de popularidade na Internet, a banda teen paulistana lança pela multinacional Universal Music seu primeiro CD, De Zero a Cem, em que mostra um repertório consistente de pop-rock cantado em português.

Ao contrário de bandas como Gloria e NX Zero, cujo estilo emula o emocore gringo com letras mais próximas ao sertanejo, o Stevens tem outras influências: segundo os integrantes do grupo (os vocalistas e guitarristas Adam e Ricco, o baixista Keko e o baterista Luca), dizem que U2, Maroon 5, Oasis e, veja só, Beatles estão entre suas bandas prediletas. Tais referências são perceptíveis no som deles, assim como bandas teen gringas de sucesso, casos de McFly e Jonas Brothers.

Em suas 13 faixas (uma delas, O Que Você Sempre Quis, aparece em duas versões), o Stevens entrega canções pop ideais para embalar o coração de meninas apaixonadas, mas com sotaque levemente roqueiro – incrível, mas é possível ouvir as guitarras! – e belas melodias. Nas faixas mais pesadas, como Parecia Estar e Não Tenho Hora pra Voltar, o grupo chega a criar momentos que bandas veteranas do pop brasuca (alô, Capital Inicial!) e bandas indie modernas gostariam muito de escrever.

Veja bem: Adam, Ricco, Keko e Luca estão longe de ser a salvação do pop nacional. Nem todas as músicas de seu primeiro CD são boas (Enquanto Você Não Está Aqui, por exemplo, é fraquíssima) e as letras restringem-se a temas bobocas de amor. Mas, se este jornalista tivesse uma filha de 14 ou 15 anos, não morreria de ódio se a pimpolha dissesse: “Pai, coloca o CD do Stevens no som do carro?”. (Denis Moreira)

Frejat – Perfil
 
O curriculum vitae de Roberto Frejat é invejável. O carioca foi o melhor parceiro de composições do mito chamado Cazuza, assumiu as rédeas do Barão Vermelho depois da morte do parceiro e ainda gravou com grandes nomes como Cássia Eller, Angela Rô Rô e Bezerra da Silva, tudo isso antes de cair de cabeça em sua bem sucedida carreira-solo.
 
A fina flor dos seus três álbuns de estúdio, Amor Pra Recomeçar, Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo e Intimidade Entre Estranhos (2001,2003 e 2008 respectivamente) está reunida nesta coletânea Perfil, que chega às lojas  pela Som Livre.
 
Na lista de hits, destacam-se Amor pra Recomeçar, Tudo de Bom, 3 Minutos, Dois Lados e Segredos, primeiro hit de Frejat longe do Barão Vermelho.
 
Também é preciso destacar a última faixa do disco, escrita por Frejat para a trilha do filme Mais Uma Vez Amor, protagonizado pela atriz Juliana Paes. A atriz global até dá um tostão de sua voz e grava em dueto com o cantor Pra Toda A Vida. (Luiz Filipe Tavares)


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Lançamentos de CDs: Pitty, Stevens e Frejat