Lua Nova (Trilha Sonora)
Existem
algumas trilhas sonoras de filmes e séries que se tornam tão icônicas
que conseguem se desvencilhar da imagem de mera música de
acompanhamento. E, embora a trilha sonora do filme Lua Nova
ainda seja muito recente para conseguir tamanha façanha, é inegável que
a escolha das músicas é um mérito em si, e que vai muito além do filme.
Após
a estrondoso sucesso de Crepúsculo, o filme Lua Nova chega aos cinemas com
grande expectativa. E a trilha sonora, que também carrega a obrigação
de ser bem-sucedida, traz nomes poderosos – se a soundtrack de Crepúsculo tem Muse, Linkin Park e Paramore, esta envereda mais pela seara do indie rock, com Bon Iver, Lykke Li e Grizzly Bear.
A
palavra-chave da seleção de 15 músicas do CD é introspecção: todas as
músicas criam um clima sombrio, soturno e climático, mas que ficam longe de cair na breguice.
Entre os destaques da trilha, estão No Sound But The Wind, do Editors, Rosyln, de Bon Iver & St. Vincent, Possibility, de Lykke Li, A White Demon Love Song, do The Killers, o remix de I Belong To You, do Muse, e a bela peça instrumental New Moon (The Meadow), de Alexandre Desplat. (Stefanie Gaspar)
Hevo 84 – Hevo 84
Os quatro anos de estrada do Hevo 84 renderam bons frutos para a banda: após lançar de forma independente seu primeiro CD, Dias de Fuga, o grupo assinou com a EMI e lançou o segundo disco, homônimo.
Sob a batuta do onipresente Rick Bonadio e de Rogério Vaz, o grupo formado por Renne (vocais), Fernando (guitarra), Suspiro (baixo) e Victor (bateria) ganhou uma produção competente, que se preocupou em criar arranjos e lapidar sons de modo a evidenciar o tino pop do quarteto.
Embora o repertório do álbum seja bem-feito, grande parte das músicas apresenta um paradoxo: o Hevo 84 se preocupa em criar melodias pop e também tenta ser hardcore, investindo forte no peso das guitarras. O problema é que esse lado mais pesado não combina com a maioria das faixas, fazendo que baladas como Passos Escuros e Minha Vida é Você sejam melhores por serem assumidamente leves, melosas e grudentas.
A banda também não acerta ao tentar fazer rap, como em Longo Caminho – Parte II, e os elementos eletrônicos que tenta inserir em faixas como A Vida é Minha são estranhas no ninho. Como pop, o Hevo 84 cumpre seu papel com refrões e melodias marcantes – mas, como rock, não encontra seu caminho. (Stefanie Gaspar)
Mumford & Sons – Sigh No More
Queridinhos do radialista Zane Lowe da BBC, os ingleses do Mumford & Sons acabam de lançar no Reino Unido um dos mais empolgantes discos, não só de 2009, mas das últimas temporadas em geral. Sigh No More transborda criatividade, graça folk e pitadas indie, a cargo especialmente de Marcus Mumford (vocais, guitarra e bateria), o mais novo pequeno grande gênio do pop britânico!
Com sua atmosfera mirada no bluegrass, no country e no folk, é claro, Sigh No More é um disco que não parece, de fato, ser assinado por uma banda debutante, já que exala maturidade em suas músicas. Trata-se de um álbum coeso e muito coerente em termos estéticos, repleto de solos e arranjos minuciosos, com a ótima produção de Markus Dravs, que já trabalhou com Björk e Arcade Fire.
Com violões insinuantes e vocais que remetem a Crosby, Stills, Nash & Young, Little Lion Man é um primor. A emocionante I Gave You All não fica nada atrás e é candidata a música do ano. Outra que está entre as melhores é a faixa que dá nome ao disco, com letra shakesperiana. Essas canções são um bom indicador do quanto o álbum é mágico e ratificam a competência desse quarteto inglês, que, por sua sonoridade, poderia ser confundido ocasionalmente como uma banda americana
Sigh No More é um disco formado por grandes canções e que, de quebra, ainda conta com um belo tratamento gráfico, com uma linda capa digipack, algo que sempre motiva o consumidor atual a ter o CD físico. Agora, Londres conta com mais um representante de uma cena indie-folk que já contava com Laura Marling e Noah and the Whale a ter disco lançado. Que venham outros! (Vitor Diniz)
