Latino – Junto e Misturado Fazendo a Festa
Você não pode ver X-Men pensando que é fisicamente impossível alguém soltar raios pelos olhos ou ter garras feitas do indestrutível adamantium saindo pelas mãos. Apenas assista ao filme e se divirta com a ação. Com Latino é a mesma coisa. Não escute Junto e Misturado Fazendo a Festa esperando mais do que ele pode oferecer, ou seja, músicas para se divertir. Se têm qualidade ou não, aí já são outros quinhentos.
O disco lançado agora pela Som Livre e Up In The Air Produções foi gravado ao vivo em novembro do ano passado, na cidade de Ribeirão Preto, interior paulista, e resultou também em um DVD.
O que chama a atenção, mais até do que a mistura de ritmos entre eles, axé, salsa, pancadão, sertanejo e dance – são as participações especiais. Das 15 músicas do CD, mais da metade tem alguém cantando junto. É Perlla, a dupla André e Adriano, Art Popular e até Double You.
Como Latino não é dono de uma voz potente, é de se imaginar que essas participações sejam uma estratégia para preservar a atração principal. Mas realmente não importa. É festa e tudo misturado, como em Pancadão ou Sertanejo, com André e Adriano. Para fechar o disco, é claro que não poderia faltar Festa no Apê. Mas, como bem lembrou minha amiga Juliana Bronze, faltou, sim, o refrão “Oh baby, me leva, me leva que eu te quero, me leva, me leva que o futuro nos espera…”.
Uma curiosidade é que o DVD vem com algumas faixas a mais ou, como o cantor gosta de chamar, um pot-pourri, onde Latino junta pedaços de músicas que levantam a galera no show. Pelados em Santos, dos Mamonas Assassinas, e Eu Só Quero Amar, de Tim Maia, entram nessa geleia geral. E nos extras ainda tem espaço para as participações de Calypso, Buchecha e uma entrevista com o próprio dono da festa. Se você quer se divertir e dar risada, Latino é o cara. (Richard Pfister)
Detonautas Roque Clube – Acústico
Ao ouvir o CD acústico do Detonautas Roque Clube, nova empreitada da banda carioca, é impossível deixar de tentar adivinhar qual é a intenção deles ao gravar seu repertório mais que conhecido e em uma roupagem que não acrescenta nenhuma novidade.
O CD e DVD, que chega às lojas pela Sony Music, foi gravado em show no dia 28 de abril, no Pólo de Cine e Vídeo, no Rio de Janeiro. Quinto da carreira da banda, o álbum traz uma sensação de deslocamento, já que a banda faz questão de trazer um clima de rock brasileiro anos 80 para as faixas: ambiente descontraído, praieiro e desencanado. Mesmo assim, o disco parece chegar muito atrasado a uma cena musical que não tem espaço para trabalhos do gênero.
No repertório, o grupo colocou faixas como Quando O Sol Se For, do primeiro álbum Detonautas Roque Clube; O Amanhã, O Dia Que Não Terminou, Só Por Hoje e Tênis Roque, do CD Roque Marciano; e Sonhos Verdes e Você Me Faz Tão Bem, do álbum Psicodelia, Amor, Sexo e Distorção.
Para quem é fã da banda, o Acústico é uma seleção divertida e um registro fiel da atmosfera do Detonautas Roque Clube. Mas não traz nenhuma novidade ou grande inovação ao repertório já manjado da banda do polêmico vocalista Tico Santa Cruz. (Stefanie Gaspar)
Vivendo do Ócio – Nem Sempre Tão Normal
Com o surgimento de bandas moderninhas/retrô como The Strokes, Franz Ferdinand e White Stripes, que colocaram o rock de novo na linha de frente da música pop nesta década, era inevitável que a molecada que estava começando a tocar aqui no Brasil se tornasse influenciada por essas bandas. Legal, né? Nem tanto, como se verifica no primeiro disco dos baianos do Vivendo do Ócio, Nem Sempre Tão Normal.
É ótimo ver que as novas bandas nacionais de rock estão antenadas com o que rola de melhor lá fora, pois todo mundo parte de referências para criar seu estilo: os Beatles são fãs de Elvis Presley, os Rolling Stones amam blues e por aí vai. Mas as 14 faixas do CD não vão além de uma cópia inferior e sem personalidade de Strokes, principalmente, e outras bandas, como Arctic Monkeys e Bloc Party.
Para quem duvida, basta perceber a similaridade entre os timbres de voz de Jajá Cardoso e do frontman do Strokes, Julian Casablancas. Ou as levadas de guitarra de faixas como Terra Virar Mente, que abre o disco. Em comum com esses grupos, o Vivendo do Ócio também tem um grave defeito: letras hedonistas, mas com assuntos batidos (Só que, como eles cantam em português, todo mundo entende cada palavra do que dizem).
Sem dúvida que os baianos têm méritos por fazer um rock influenciado por bandas legais, mas todos quem almeja uma carreira longa na música devem mostrar algo diferente. Para piorar, o CD deles é lançado por uma grande gravadora (Deckdisc), sendo que há tanta gente mais interessante ralando no underground para mostrar seu trabalho. (Denis Moreira)