Cobra Starship – Hot Mess
Se você for abduzido por um alienígena e ele te perguntar como está soando a música pop do seu planeta, dê a ele uma cópia de Hot Mess, novo CD do quinteto americano Cobra Starship, mais novo candidato a grupo predileto dos teens espalhados pelos cinco continentes da Terra.
Em suas 11 músicas, o disco reúne TODAS as sonoridades da música mainstream desta década: de sintetizadores anos 80 a andamentos típicos do emocore, passando por batidas hip hop, guitarras disco-punk e vozes modificadas no Auto Tune. A essa mistura, somam-se o visual emo/new rave (alô, banda Cine!) e as letras entre o romântico, o engraçadinho e o rebelde de shopping center. Ideal para agradar de gregos a troianos dentro do vasto universo da música pop, ainda mais os adolescentes.
Mas tudo isso significa que é um lixo completo a banda apadrinhada por Pete Wentz (ícone emo e baixista do Fall Out Boy) e que estourou nas paradas com a música Good Girls Go Bad, que tem participação de Leighton Meester, atriz do seriado Gossip Girl? Pior que não!
Se você não tiver preconceito com músicas descaradamente comerciais, faixas como Nice Guys Finish Last, The Scene is Dead; Long Live the Scene (melhor do disco) e a própria Good Girls Go Bad podem até fazê-lo arriscar uns passos na pista de dança. Só por isso, Hot Mess já vale mais a pena do que 90% das coisas similares que tocam nas rádios mais pop, especialmente se cantadas em português (Denis Moreira)
Pete Yorn & Scarlett Johansson – Break Up
A atriz e cantora Scarlett Johansson fez várias escolhas surpreendentes em sua carreira musical, todas elas com execuções impecáveis, que a fizeram ganhar um belo respeito na crítica especializada. Mas Break Up, primeiro dueto em estúdio de sua carreira, é tão óbvio que chega a desanimar até o mais otimista dos fãs do trabalho da loira que inspirou Katy Perry a escrever I Kissed a Girl.
O talentosíssimo Pete Yorn, escolhido pela cantora para ser seu (Serge) Gainsbourg, construiu um bom clima entre o country e o twee pop, mas esbarrou em passagens muito morosas. Além disso, não quebrou a absoluta monotonia que rege este CD – que, como o nome diz, fala sobre um casal que vai se distanciando até a separação completa.
Claro que a boa voz de Johansson tem momentos legais ao lado de seu parceiro, como no single Relator, na quase bossa-nova Shampoo e em Blackie’s Dead, um verdadeiro highlight e que lembra os melhores momentos da carreira-solo de Yorn.
Mas, mesmo em seus arranjos mais brilhantes, a dupla não convence nas letras e acaba por ser previsível demais para um disco que conta com a cantora/atriz: veja, ela gravou Summertime e cantou com os veteranos do Jesus and Mary Chain no festival Coachella. E regravou Tom Waits!
Depois de tantos movimentos impensáveis, Break Up é um passo atrás na carreira musical de Scarlett Johansson. Não por ser bonitinho demais, nem por estar abaixo das expectativas, mas porque nem a mais suave das separações é tão cristalina quanto as gravações dela com Pete Yorn. (Luiz Filipe Tavares)
Buika & Chucho Valdes – El Último Trago
Jazz, soul, experimentalismo e muita latinidade. Uma equação simples para a já experiente Concha Buika, cantora palmesiana que desde o lançamento de seu CD de estreia, Buika (2005), é considerada uma das mais belas vozes da world music em espanhol.
Seu novo álbum, El Último Trago, ainda tem um tremendo atrativo extra, como se isso fosse preciso. A cantora colabora com o grande pianista cubano Chucho Valdez, talvez o maior compositor e band leader ainda em atividade da era de ouro da música popular da ilha de Fidel Castro.
Caminhando no terreno do afro-jazz, a cantora tem seus melhores momentos em Soledad, Las Simples Cosas, Se Me Hizo Fácil e na faixa-título. Os acompanhamentos preciosos e os arranjos certeiros de Valdes só aumentam o encanto para quem ouve as melodias deste disco.
Para quem se interessa por world music, El Último Trago é indispensável. O poder da voz de Buika e o balanço do pianista formam uma bela parceria e tornam o ato de ficar parado enquanto a música toca uma tarefa completamente impossível. (Luiz Filipe Tavares)
