Fique por dentro dos últimos lançamentos acompanhando as análises do Virgula Música:
Bats For Lashes – Two Suns
Hoje em dia, a música é das mulheres. Os anos 00 presenciaram a explosão de artistas como Adele, Florence and the Machine, La Roux, Little Boots e Marina and the Diamonds, entre outras, que combinaram com harmonia o alternativo e o mainstream e dominaram a cena pop. Nessa turma, um dos destaques é a inglesa Natasha Khan, do Bat for Lashes, que conquistou as paradas com seu primeiro álbum, Fur and Gold, indicado ao Brit Awards e ao Mercury Prize.
Três anos depois, a cantora e compositora volta a apostar em atmosferas repletas de ritmos etéreos e exóticos em seu segundo CD, Two Suns. Com as batidas e a programação assinadas pelo grupo Yeasayer e a produção dividida entre ela e David Kosten, o disco é caracterizado pelo mesmo cuidado na harmonização de instrumentos presentes no trabalhos anterior, garantindo um resultado homogêneo e intrigante.
Mas o elemento mais forte do álbum é a voz de Natasha, que continua dando o tom principal das composições. Ela canta e os instrumentistas seguem, como na balada Moon and Moon, no single Daniel e na linda The Big Sleep, que conta com a participação de Scott Walker, do Walker Brothers.
O clima dark continua com força em Two Suns, embora funcionasse de maneira mais cativante (e menos batida) nos hits antigos, como Horse and I, What’s a Girl To Do?, Sad Eyes e Prescilla. Mesmo assim, músicas como Glass, Moon and Moon, Two Planets, Pearl’s Dream e The Big Sleep conseguem trazer força ao disco, mostrando que Natasha Khan ainda tem muito para mostrar. O público brasileiro poderá ouvir o álbum ao vivo em março, quando o Bat For Lashes abre apresentações do Coldplay no Pais. (Stefanie Gaspar)
True Blood – 1ª Temporada (trilha sonora)
Japoneses desenvolveram um tipo de sangue sintético engarrafado, como se fosse um refrigerante, o que levou os vampiros a finalmente saírem da escuridão e conviverem com os humanos. Só que tal interação, claro, não é simples. Esse é um resumo extremamente superficial de True Blood, série que parte para a terceira temporada e conquistou milhares de fãs pela história peculiar que mistura sexo, drogas e rock and roll. OK, nem tão roqueira assim, como mostra o lançamento de sua trilha sonora.
O CD traz músicas presentes nos primeiros 12 episódios, contando com o piloto. No total, são 14 faixas de artistas pouco conhecidos do público brasileiro, mas que traduzem muito bem o universo da série, que mistura cultura country, religião, misticismo e muita sensualidade na fictícia cidade de Bon Temps, em Louisiana (EUA), onde tudo acontece.
A primeira faixa é a excelente Bad Things, de Jace Everett, que se tornou marca registrada por ser trilha da genial abertura do seriado. Em sequência é possível encontrar de tudo, inclusive releituras de clássicos do rock: a boa versão acústica e soturna de Play with Fire, dos Rolling Stones, feita por Cobra Verde, ou a sem-graça Just Like Heaven feita pelas The Watson Twins, que transformaram a bacana música do The Cure em uma baladinha country melosa.
Na verdade, apesar do climão surreal, por vezes assustador e até psicodélico, True Blood conta uma história de amor: entre a telepata e garçonete Sookie Stackhouse e o vampiro Bill Compton. E a trilha é menos obscura do que se espera – pelo menos para quem assistiu à primeira temporada – já que está recheada de músicas românticas, até em excesso, que embalam os encontros e pensamentos dos apaixonados.
Mas vale muito a pena, seja para fãs ou até mesmo para quem não conhece o seriado, ouvir o CD e prestar atenção em Give It Up, de Lee Dorsey, Strange Love, de Slim Shapiro, e I Don’t Wanna Know, do Dr. John, que animariam qualquer festa – mesmo que não tenha gente de caninos desenvolvidos e que bebe sangue sintético. (Paloma Guedes)
Snoop Dogg – Malice N’ Wonderland
Malice N’ Wonderland, décimo disco-solo do rapper convertido em executivo de gravadora Snoop Dogg, é lançado às lojas do Brasil e do mundo com um único objetivo: atingir em cheio a fatia da população que gosta de rap e era jovem demais em 1993, quando o clássico Doggystyle chegou às prateleiras.
Para isso, o veterano do hip hop americano apostou em uma fórmula teoricamente infalível. Manteve a temática de seu gangsta rap intacta, indo buscar referências e inspirações de bases e batidas em novos nomes do rap americano, o que infelizmente não teve o resultado esperado. O disco é daqueles álbuns de rap que não impressionam ninguém, por mais que os grooves sejam bastante razoáveis, cortesia (em sua maioria) do produtor Scoop DeVille, nome forte no cenário do hip hop da Costa Oeste.
Exceto pelo single I Wanna Rock, que tem um sample da música It Takes Two, dos monstros Rob Base e do DJ E-Z Rock, e Gangsta Luv, que tem uma letra divertida e participação contagiante de The Dream, o que se segue é um festival de rimas vazias de um rapper que começa a sentir o peso da idade e está caindo na repetição.
Malice… ainda trás uma colaboração descabida de Snoop com o jovem e virtualmente insuportável Soulja Boy Tell’ Em, rapper em atividade mais obcecado pelo som de seu próprio nome que Lil’ “Tha Carter” Wayne. E, se Pronto consegue irritar até o mais fanático admirador do trabalho do “Doggfather”, o que dirá das pessoas que estão ouvindo um disco do rapper pela primeira vez na vida?
Por essas e outras, prefira os originais de Snoop Dogg ou passe batido pelo disco, sem olhar pra trás. O Virgula Música garante que você não vai se arrepender por isso. (Luiz Filipe Tavares)