O Kremlin opinou nesta terça-feira que a cúpula da ONU contra a mudança climática em Copenhague terminará sem a aprovação de um documento vinculativo e afirmou que a Rússia só reduzirá suas emissões de dióxido de carbono sob certas condições.
“Já é evidente que (em Copenhague) não se assinará nenhum acordo jurídico importante” devido às divergências entre os países participantes, assegurou à imprensa o assessor econômico da Presidência russa, Arkadi Dvorkovich.
O representante do Kremlin opinou que na cúpula “provavelmente, só será aprovada uma declaração política conjunta, ou uma série de declarações nacionais, assim como uma Mapa de Caminho para o processo anterior negociador”, segundo a agência Interfax.
O funcionário indicou que a Rússia está disposta a assumir por escrito o compromisso de reduzir 25% de suas emissões de dióxido de carbono até 2020, desde que “seja completada uma série de condições”. Entre estas está a previsão de que participem no futuro acordo todas as potências econômicas que formam o seleto Grupo dos Oito (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Rússia) e os integrantes do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
Dvorkovich afirmou que a Rússia está disposta a manter dentro desse acordo sua participação no programa de ajuda financeira aos países mais pobres, mas ressaltou que “não pode assumir compromissos desmesurados” e destinaria para esse fim US$ 200 milhões.
Perguntado sobre a possibilidade que as cotas nacionais de redução das emissões referendadas no Protocolo de Kyoto passem a fazer parte do novo acordo, chamado para substituí-lo em 2012, o funcionário disse que a Rússia não insistirá nisso, mas também não se oporá se assim o decidem todos os participantes.
Sobre os interesses específicos do Kremlin nessa cúpula – onde a delegação russa estará liderada pelo vice-primeiro-ministro, Ígor Shuvalov, Dvorkovich indicou que a Rússia, que tem grandes reservas florestais, considera menosprezado o papel das florestas na absorção do dióxido de carbono.
Acrescentou que a Rússia, que enfrenta a tarefa premente de modernizar sua economia, pede que se facilite internacionalmente a transferência de tecnologias para a modernização da indústria para reduzir a emissão de gases.