A partir de segunda (16), centenas de jornalistas de todo o mundo estarão na Áustria para o julgamento do aposentado Josef Fritzl, que enfrentará os tribunais pelos 8.642 dias de reclusão a que submeteu sua filha, estuprada várias vezes e mantida presa num porão durante quase 25 anos.
O caso de incesto veio à tona em abril do ano passado e chega agora a um tribunal da pequena cidade de Sankt Pölten, que terá que decidir se Fritzl é culpado dos crimes como assassinato, estupro e escravidão. Caso condenado à pena máxima prevista para os delitos que cometeu, o engenheiro pegará prisão perpétua.
Prevendo o circo midiático que se formará em torno do julgamento, as autoridades austríacas já restringiram o acesso da imprensa à sala em que ocorrerão as audiências. Por ordem da Justiça, os jornalistas só poderão acompanhar a leitura das acusações, que acontecerá nesta segunda, e o anúncio do veredicto previsto para sexta (20).
Jornais sensacionalistas, como o tablóide britânico The Sun, já ofereceram até 10 mil euros a quem conseguir uma foto de Fritzl na prisão. Por conta do grande interesse da imprensa, a vigilância sobre os oito membros do júri será total, para evitar vazamentos de qualquer tipo de informação à imprensa.
Durante o julgamento, o júri ouvirá o depoimento gravado em vídeo da principal vítima de Fritzl, sua filha Elisabeth. Em gravações que chegam a 11 horas, a mulher, que hoje tem 42 anos, contará tudo o que passou durante os anos que permaneceu reclusa. Elisabeth deu à luz a três crianças no cativeiro, até serem libertos, seus filhos não conheceram outra coisa senão o porão.
Cobertura da imprensa
Elisabeth e uma de suas filhas já foram localizadas e fotografadas há um mês por um paparazzo do tablóide The Sun, apesar de a família ter mudado de nome e ido viver em outra região do país.
Na Áustria, a imprensa mais progressista, como a revista Falter, critica o teatro armado em torno do caso e a falta de ação das autoridades para proteger as vítimas. Por outro lado, os diários sensacionalistas criticaram que se oculte do público detalhes do julgamento.