No ano que os Beatles entraram de cabeça no mundo dos games, publicar um jogo que pudesse superar o fenômeno midiático do “Rock Band” dos quatro garotos de Liverpool parecia tarefa quase impossível. Parecia. Lançado há pouco menos de um mês no mundo, para Xbox 360, PS3 e PC, “Call of Duty: Modern Warfare 2” acabou se tornando, em apenas uma semana, o maior lançamento da história dos videogames. Na verdade, da indústria do entretenimento: em apenas 24 horas foram vendidas 4,7 milhões de cópias vendidas, o que rendeu US$ 310 milhões logo no primeiro dia – isso sem falar da imensa quantia de dinheiro que o título teve nas semanas posteriores.

Mas de nada adiantar citar números tão grandiosos se o jogo desenvolvido pela Infinity Ward e produzido pela Activision Blizzard não fosse também um game no superlativo. E é. Sexto jogo da série “Call of Duty”, ele é uma continuação de “Call of Duty 4: Modern Warfare”, o primeiro título da franquia que não acontecia durante a 2ª Guerra Mundial. “Modern Warfare 2” se passa cinco anos depois do game anterior, com Imran Zakhaev sendo morto e declarado um mártir e herói nacional pelos ultranacionalistas russos. O terrorista dessa vez atende pelo nome de Wladimir Makarov, que irá espalhar diversos atentados ao redor do mundo – inclusive nos Estados Unidos, que vê o seu império em declínio (o visual de Washington destruída é algo impressionante) e declara guerra contra os russos.

Ao longo dos combates, o jogador viverá diversos papéis em missões opostas. O grupo Task Force 141, liderado pelo capitão “Soap” MacTavish (personagem principal do jogo anterior) e pelo general Shepherd, estará seguindo os rastros de Makarov para capturá-lo. Nessa parte do game, muito mais de estratégia e infiltração, somos o sargento Gary “Roach” Sanderson. Do outro lado estão os Rangers americanos, que entram em zonas de combate, no verdadeiro calor da batalha. Tem-se disponível aqui munição e armas verdadeiras do exército americano, como o Predator Drone, um míssil acionado por notebook. Nestas missões, somos o soldado James Ramirez.

MUITA AÇÃO E POLÊMICA

Para quem não jogou o primeiro “Modern Warfare”, a história da continuação é bastante confusa em seu começo. Mas isso não chega a atrapalhar, já que as missões são envolventes e consistem, basicamente, em seguir aquilo que é explicado e sair atirando contra qualquer objeto que se mover. Das geleiras da Rússia a desertos insólitos do Afeganistão, “Call of Duty: Modern Warfare 2” não para um momento sequer.

Uma das grandes novidades são os momentos de invadir um local com reféns. Neste momento, a porta explode com C4 e entra-se em slow motion para se ter uma maior precisão na hora de atirar contra os bandidos e não matar os civis. Aliás, é justamente a questão  de “atirar em inocentes” que está a grande polêmica do game. Em uma missão curta, que de tão chocante chega a ser opcional para o jogador, somos um agente infiltrado da CIA que acompanha os terroristas russos em um aeroporto. Makarov é um louco, que derruba aviões e explode lugares públicos, mas aqui ele chega ao limite de atirar contra uma multidão de civis. O jogador pode disparar também para não comprometer o disfarce, ou seja, é uma violência tão gratuita que vai deixar até o fã da série “GTA” (Grand Theft Auto) desconfortável.

TROPA DE ELITE DOS GAMES

Ufanismo de lado, o melhor momento de “Modern Warfare 2” são as duas fases que se passam em uma favela no Rio. O detalhismo da localidade impressiona (vide os momentos em que se têm de correr pelos telhados), já o mesmo não acontece na aparência do Cristo Redentor, que é muito grande em relação ao Corcovado. Estética à parte, a ideia de uma dessas missões é capturar um traficante que vende armas para Makarov – o cara chama Rojas, mais “brasileiro” impossível.

Para capturá-lo, é preciso subir o morro e encarar bandidos saindo por todos os lados, em janelas e vielas, enfim, um verdadeiro labirinto. Os traficantes falam em um bom português, com sotaque carioca, inclusive. “Tão atacando a gente pela esquerda, me deem cobertura”, berra um meliante em certo momento. “Ele tomou um tiro, he’s been shot”, grita outro, mostrando que frequentou as aulinhas de inglês. Só não dá para entender qual é o propósito do visual dos traficantes cariocas: eles usam óculos do tipo Aviador e lenços cobrindo a boca e nariz. Nada a ver!

JÁ ACABOU?

As missões de “Modern Warfare 2” são curtas, mas podem ser melhor exploradas no modo Special OPS (“operações especiais”), em que o gamer pode jogar sozinho ou em dupla para realizar as tarefas no menor tempo e na maior precisão possíveis. Os modos online de “Call of Duty: Modern Warfare 2” são bastante robustos e chegam a comportar até 18 pessoas jogando ao mesmo tempo.

O game é um clássico, com gráficos de primeira e trilha sonora impecável, sob a batuta do ganhador do Oscar Hans Zimmer. As batalhas são épicas e viciantes, que de tão realistas criam a sensação de se estar dentro de um blockbuster hollywoodiano. O jogo exige o máximo do processamento gráfico do Xbox 360 e do PlayStation 3, e é uma pena que as missões não sejam abertas – não dá para conhecer o cenário e ir atrás de extras (com exceção de uns notebooks), já que é tudo muito regrado. Outro lado chato é que o modo “single player” é muito, mas muito curto, o que permite terminar o game em apenas sete, oito horas – em qualquer nível, diga-se.

Para fechar, “Call of Duty: Modern Warfare 2” é um senhor game, em que a ação é muito mais importante do que a história em si. E acredite: ele é realmente digno de todos os recordes que vêm batendo.


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Jogamos Call of Duty: Modern Warfare 2, o maior game da história

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