O ministro da Defesa, Nelson Jobim, rejeitou nesta quarta-feira que o Brasil esteja em uma “corrida armamentista” e que os acordos militares com a França são apenas para capacitar a indústria nacional.
“O Brasil não está comprando, como a Venezuela, que sai para comprar nos supermercados de armas do mundo”, declarou o ministro durante um comparecimento ao Senado para explicar os acordos com a França.
Jobim explicou que o Brasil “está no caminho da capacitação nacional” e só pretende reforçar sua indústria bélica, mediante a aquisição de tecnologia de ponta.
Os acordos com a França significarão para o Brasil o desembolso, até 2021, de US$ 12,2 bilhões, dos quais US$ 9 bilhões serão destinados à compra de submarinos e helicópteros.
O resto do dinheiro será utilizado para a construção de um estaleiro e uma fábrica, nos quais serão postos todos os equipamentos militares.
As instalações, segundo Jobim, gerarão ao redor de 11.300 empregos diretos e 33.500 indiretos, e “beneficiarão de forma direta 21 setores da economia e indiretamente outros 19”.
Entre os setores da economia que os acordos abrangem, o ministro citou as indústrias naval, química, elétrica, eletrônica, mecânica, metalúrgica, construção civil e informática, assim como as áreas estritamente militares.
Além do econômico, Jobim também explicou que o país deve ter “preparação estratégica” para defender seu território e suas riquezas naturais, como a Amazônia e as reservas petrolíferas encontradas na região do pré-sal.
“O Brasil não tem inimigos” e “suas questões de fronteiras foram resolvidas no início do século XX”, mas “deve estar preparado para qualquer tipo de tentativa de invasão” no futuro, declarou o ministro da Defesa.
Jobim ratificou também a “preferência” do Governo brasileiro pelos caças franceses Rafale, que competem em uma licitação para a compra de 36 aviões com os F-18 Super Hornet da americana Boeing e os Gripen NG da empresa sueca Saab.
No entanto, reiterou que o resultado da licitação somente será anunciado em outubro, depois que o Governo receber os relatórios técnicos elaborados pelo comando da Força Aérea.
O ministro ressaltou que a transferência de tecnologia será um elemento-chave para o desenlace da licitação e que a oferta francesa é “até agora a que mais convenceu”.