Há exatamente 48 anos atrás, na tarde de 25 de agosto de 1961, para espanto de toda nação, há exatos 206 dias no poder, o presidente da República Jânio Quadros anunciou sua renuncia. Há rumores de que talvez Jânio não esperasse que a carta-renúncia fosse efetivamente entregue ao Congresso.
O que intriga gerações é que segundo Jânio, “forças terríveis” o obrigavam a esse ato. O motivo, de fato, nunca foi revelado nesse quebra-cabeças e qualquer pergunta sobre o assunto o irritava profundamente. Por outro lado, especula-se que Jânio estaria certo de que surgiriam fortes manifestações populares contra sua renúncia, com o povo clamando nas ruas por sua volta ao poder, essa teria sido a tentativa de um auto golpe fracassada .
“Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”.
Acredita-se que seu objetivo era obter do Parlamento carta-branca para governar. Para isso, jogava com o temor dos progressistas de que houvesse um golpe militar e com o medo das Forças Armadas de que um esquerdista como João Goulart assumisse a Presidência. Mas o Congresso aceitou o pedido de renúncia e encerrou o governo Jânio.
“Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.”
Já no ano de 1985, ele foi novamente eleito prefeito de São Paulo no pleito de 15 de novembro, derrotando Fernando Henrique Cardoso. Seu mandato foi exercido até o primeiro dia de 1989, quando passou o cargo para Luiza Erundina. Em sua última empreitada política repetiu seus lances populistas habituais.
Vassourinha, como era conhecido graças ao lema de sua campanha que pretendia “varrer” do Brasil os males da corrupção, não pode concorrer à Presidência da República em 1989, por sua saúde já debilitada. Por conta desse fato, hipotecou apoio ao ascendente Fernando Collor, cujo discurso e práticas políticas eram similares às suas. Vítima de três derrames cerebrais, aos 75 anos, faleceu na capital paulista em 1992.