Hélio Flanders gostava tanto de música que compôs dois CDs em casa, e entregou cópias apenas para alguns conhecidos. Algum tempo depois, em 2004, e ainda vivendo em Cuiabá ele resolveu chamar alguns amigos para formar uma banda de verdade, e assim nasceu o Vanguart.
O grupo é um dos que mais faz shows semanalmente. Hoje o Vanguart se apresenta no Festival Transnacional de Folk em Ribeirão Preto, amanhã tocam no Rock no Santa Cruz em São Paulo, e na semana que vem são uma das principais atrações da Virada Cultural paulistana.
Em entrevista ao Virgula, o vocalista Hélio Flanders fala sobre o DVD Multishow Registro, adianta que o Vanguart lança um álbum só de inéditas no ano que vem e revela porque o grupo não tocou no Festival Just a Fest ao lado do Radiohead.
Virgula: Como surgiu a oportunidade de gravar o DVD Multishow Registro que saiu em março?
Hélio: A gente queria gravar um DVD de qualquer jeito, porque começamos pensando em gravar uma apresentação nossa com amigos filmando e pronto. Só que daí resolvemos vender a idéia para ver se dava certo, e para nossa surpresa o Multishow topou. Nesse DVD, nossa principal intenção foi mesclar músicas antigas com várias composições inéditas, para mostrar ao público a identidade do Vanguart.
Virgula: E como você define essa identidade musical?
Hélio: O Vanguart é a nova música brasileira. É uma mistura de folk, jazz, bossa nova. Acho que a melhor definição é folk brasileiro.
Virgula: O que você ouve de música?
Hélio: Estou ouvindo as velharias: Beatles, Tom Jobim, Dorival Caymmi. São esses sons que me influenciam hoje a fazer música.
Virgula: Quais bandas nacionais você acha que se destacam hoje?
Hélio: Felizmente, o rockn’ roll acabou na cena musical brasileira. Então, existe mais espaço para que outros gêneros se desenvolvam, como bandas com pegada mais folk. São esses caras que gosto muito, como o Cérebro Eletrônico, Porcas Borboletas, Los Porongas e Forgotten Boys.
Virgula: O que aconteceu com o Overcoming Folk Trio, a parceria entre você, a Mallu Magalhães e o Zé Mazzei do Forgotten Boys?
Hélio: Começou a ficar inviável reunir todo mundo. Quando criamos o trio, a Mallu só tinha feito um show. Depois ela explodiu e ficou muito maior do que o trio. Daí o Vanguart explodiu também, o que fez com as agendas ficassem impossíveis de conciliar. Mas eu e o Zé Mazzei pretendemos continuar esse ano tocando juntos, e queremos chamar a cantora Cida Moreira para o lugar que era da Mallu.
Virgula: Quando vocês foram tocar em Londres, acabaram barrados e tiveram que voltar ao Brasil. O que aconteceu?
Hélio: Nós tínhamos tocado antes na Alemanha, daí fomos direto para Londres para o último show. Mas como um de nós estava com visto de turista e nós estávamos indo para tocar profissionalmente, o visto foi negado de última hora e acabamos não conseguindo tocar por lá. Daí voltamos para a Alemanha e ficamos só tomando cerveja por uns três dias (risos). Nós tínhamos pensado até em fazer agora uma turnê pelas Américas, mas como os shows estão rendendo muito aqui no Brasil, vamos esperar mais um pouco e aproveitar o sucesso.
Virgula: Por que vocês acabaram não tocando no Just a Fest?
Hélio: Olha, nós estávamos ainda negociando com a produção do festival, mas vazou a informação para a imprensa antes do contrato ser assinado, o que obviamente me deixou muito bravo. Daí quando o resto do line-up foi divulgado, o festival queria deixar a programação mais enxuta, motivo pelo qual acabamos não tocando.
Virgula: Quais os próximos projetos do Vanguart?
Hélio: Por enquanto estamos preocupados em divulgar direito o DVD. Mas ano que vem, com certeza, vamos lançar um álbum só de inéditas.