A Prefeitura de São Paulo tem utilizado um recurso agressivo para expulsar os moradores de rua da região central da capital paulista. Por meio de fortes jatos de água fria, homens, mulheres e crianças que vivem nas ruas perdem colchões, papelões e outros materiais que juntam para para vender e usam para dormir.
De acordo com reportagem do blog Brasília Confidencial, além do tratamento agressivo, os governos estadual e municipal reduziram drasticamente os recursos destinados aos programas sociais.
Estima-se que o número de moradores nas ruas da cidade de São Paulo aumentou de 12 mil, em 2005, para 20 mil, em 2010. Ao mesmo tempo, o número de vagas nos albergues diminuiu. Desde 2008, Kassab desativou dois albergues que chegavam a reunir até mil moradores de rua. Outras 485 vagas serão canceladas neste ano. E a Prefeitura ainda estuda fechar dois albergues com 500 vagas que estariam em condições inadequadas.
Diante desse cenário, os moradores de rua passaram a superlotar viadutos do Centro da capital. Com os jatos de água jogados pelos caminhões da prefeitura, Kassab quer afastar os mendigos para a periferia. Nos últimos dias, no entanto, os mendigos têm se espalhado por áreas nobres da capital irritando os moradores desses redutos.
“O albergue fechou. Arrumei um colchão, mas o rapa (funcionários da Prefeitura) jogou água gelada em tudo, até no meu papelão. Eles também recolhem as nossas coisas e dizem para a gente ir para a Zona Leste. Não vou, porque lá a gente não tem como ganhar dinheiro nem comida. Eles pensam que somos lixo, mas não somos, não”, protesta o morador de rua José dos Santos, segundo o Brasília Confidencial.
Programas reduzidos
Programas sociais de Serra, como Renda Cidadã e Ação Jovem, têm tido a quantidade de atendidos reduzida a cada ano. De 2007 a 2009, o Renda Cidadã excluiu 59 mil atendidos no estado de 492 mil para 432 mil. No Ação Jovem são 87 mil jovens a menos – de 366 mil para 280 mil.
Já o total líquido de recursos dos programas sociais, que incluem também as frentes de trabalho, chegava a R$ 349,2 milhões em 2007, quando Serra assumiu. No ano passado, ele aplicou apenas R$ 271,3 milhões.
