A lista dos produtos norte-americanos que passarão a pagar mais para entrar no Brasil só será concluída em um ou dois meses. Inicialmente prevista para sair neste mês, ela só deve ser finalizada em janeiro ou fevereiro.
A informação foi confirmada pela secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lytha Spíndola. Segundo ela, a relação dos produtos precisa ser enxugada porque a lista preliminar de retaliação está em US$ 2,7 bilhões, enquanto o país está autorizado a impor restrições diretamente até US$ 560 milhões.
Atualmente com cerca de 200 produtos, a lista esteve em consulta pública até 30 de novembro. Nesse período, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior recebeu sugestões de entidades do setor produtivo sobre quais produtos podem ser retaliados. Agora, os técnicos do ministério estão escolhendo quais itens terão a tarifa de importação reajustada.
Em novembro, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a aplicar sanções contra os Estados Unidos por causa dos subsídios concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão. A decisão encerrou uma disputa comercial de quase dez anos entre os dois países.
No final de agosto, a OMC deu ganho de causa ao Brasil e considerou ilegais as ajudas que os produtores de algodão recebem do governo norte-americano. Como os Estados Unidos não cumpriram a determinação de eliminar os subsídios, o Brasil pediu autorização à OMC para aplicar retaliações comerciais.
Anteriormente, a Camex havia informado que as sanções chegariam a US$ 800 milhões. O valor exato, no entanto, dependia de os Estados Unidos informarem exatamente o montante de ajuda concedida aos exportadores de algodão norte-americanos.
Com a retaliação, os produtos norte-americanos incluídos na lista poderão ter a tarifa de importação aumentada até 100 pontos percentuais. Dessa forma, um item que atualmente paga 12% para entrar no país passaria a ser taxado em 112%.
Em setembro de 2002, o Itamaraty entrou com queixa na OMC contra os subsídios americanos ao algodão. O Brasil ganhou em várias instâncias, mas os Estados Unidos apelaram sucessivamente até que a organização decidiu a favor do governo brasileiro em 31 de agosto.