Vamos admitir? O Google Wave foi uma pequena marola. Anunciado com um tremendo estardalhaço no ano passado, a ferramenta que misturava e-mail com rede social e mensageiro instantâneo, tudo de forma colaborativa, não decolou de tão complicada que era. O Google, pelo visto, sentiu o golpe e baixou a bola. Isso fica claro com o Google Buzz, lançado pela empresa nesta semana. O serviço transforma o Gmail em rede social, em um novo espaço para reunir dentro do popular serviço de e-mails tudo aquilo produzido dentro da web 2.0.
Ele não tem nada de novo e de revolucionário, mas mesmo assim tem tudo para dar certo. Entenda o porquê.
Para começar, não tem como fugir dele. O Buzz está sendo enfiado goela abaixo para todos os 176 milhões de usuários do Gmail. Ok, você não precisa aceitar o convite para experimentá-lo. Mas, com certeza, ficará curioso sobre o danado. Entre a pílula vermelha e a azul, escolha a primeira e experimente a viagem, pois se o Gmail era um espaço para a simples troca de mensagens e de bate papo via Gtalk -, o Buzz torna esse local um ambiente de compartilhamento de links, textos, fotos, vídeos e etc. De maneira privada ou pública.
Ao entrar no serviço, ele faz uma varredura nos seus contatos e automaticamente já lhe indica quem irá seguir. O conteúdo publicado pelos contatos é armazenado dentro de uma pasta especial. Ela é organizada por planilhas, onde está registrada toda a atividade social do contato dentro da internet. Pode-se comentar as mensagens, dizer se gostou delas e linká-las, igual ao feed de notícias do Facebook. Tudo isso fica registrado na sua caixa de entrada.
O trunfo do Buzz é a sua convergência, pois facilmente se integra com blogs, Twitter e redes sociais de todos os tipos. Caso você seja um entusiasta do Google, daqueles que usa tudo que tenha o selo da empresa, nem se preocupe com esse trabalho. O vídeo que você deixou como favorito no YouTube aparecerá ali automaticamente, assim como aquela notícia compartilhada pelo Google Reader ou as novas fotos subidas no Picasa.
Vale destacar também sua plataforma móvel. De olho na tendência da geolocalização, o Buzz tem um aplicativo para celulares integrado com o Google Maps e o Latitude o que permitirá, por exemplo, a busca por buzzes ao seu redor. Com tal proposta, o Buzz mira no chamado life streaming. São tantas as mídias sociais de hoje que já é necessário o uso de um agregador que reúna o universo 2.0 de uma pessoa. O que a ferramenta faz é organizar todo o fluxo de informações que existe na web, algo muito parecido com o FriendFeed.
Nada dessas características são novas, diga-se. O Google não quis mexer em time que está ganhando e pegou o melhor do que a concorrência oferece. Vai dar certo? As chances são boas: a base de usuários da empresa é enorme e, graças ao carisma por trás da marca, o Buzz pode atingir um público que não se importe tanto com redes sociais e ferramentas colaborativas.
Mas não adianta fechar os olhos e ver na novidade uma tremenda maravilha. Se antes o Google tinha aquela estratégia de lançar algo com exclusividade, para poucos, agora ele força a sua instalação. Se antes o internauta era convidado a testar seus produtos, agora não tem mais jeito: o Buzz exige uma criação de perfil no Google Profile.
Um prato cheio para aqueles que teorizam sobre os planos da empresa em dominar o mundo.