Gilberto Gil afirma que nem a idade, nem sua passagem pela política como ministro da Cultura diminuíram sua vontade de cantar.

“Continuo, porque gosto muito”, diz, mas só voltaria a fazer parte de um Governo “se sentisse necessidade”.

“Agora não tenho isso em mente”, explicou em entrevista por telefone à Agência Efe, quase um ano depois de deixar o posto de ministro da Cultura, que ocupou por cinco anos e meio.

O cantor, de 67 anos, está em turnê pela Europa. No próximo domingo fará um show em Madri e um dia depois em Granada, no sul da Espanha.

“Este ano venho acompanhado por uma banda menor, formado por quatro músicos, por isso, mudei consideravelmente as regras de muitas canções”, explica.

Gil revolucionou a cena brasileira nos anos 60, com Caetano Veloso, com quem fundou o movimento do Tropicalismo.

Comprometido há muito tempo com a sociedade e a política, o que o obrigou a exilar-se no final dos anos 60 na Grã-Bretanha, Gil tem uma visão aberta sobre problemas atuais tão polêmicos quanto a pirataria.

Defensor do livre acesso à música através da internet, o músico diz que a polêmica “é natural, porque há interesses antigos já consolidados que estão ameaçados, mas também há outros interesses novos que devem ser atendidos”, como a vontade do povo de ter acesso à cultura.

“Não tenho uma visão pessoal do que é preciso fazer, só que a regulação deve ser construída da pluralidade dos interesses e sair de um consenso para que os direitos dos autores sejam defendidos, mas também para que se garanta o direito de acesso longo e natural do público”, diz.

Além disso, Gil assegura que ter sido ministro não significou nenhuma “mudança drástica” para ele.

“Sou a mesma pessoa e sou outra. A vida é uma mudança permanente, se acontecem muitas coisas, nós mudamos e se não acontece nada, também”, comenta o cantor, cuja maior conquista política foi aumentar o orçamento destinado a cultura, embora “em uma porcentagem menor do que gostaria”.

Uma das razões que o fizeram deixar seu cargo no Governo foi o problema causado pelo “excesso do uso da voz falada”.

No entanto, uma cirurgia nas cordas vocais e um período de repouso e recuperação serviram para que Gil conseguisse voltar a cantar.

“A velhice também é um fator importante, mas, com os cuidados normais poderei passar muito tempo ainda cantando. Mantenho o menino que sempre fui, que continua crescendo e desenvolvendo as individualidades que vão chegando”, diz.

Autor de “quase 500 canções”, Gil aproveitar seu tempo agora para compor, o que ele não conseguia fazer enquanto estava no Governo. “Não tinha tempo, agora posso ficar tranquilo em casa, no estúdio, posso experimentar”, afirma o músico, que afirma não ter planos para o futuro.

“Não se pode perseguir uma canção de forma obsessiva. Vem naturalmente. Novas músicas surgem para mim a cada mês ou cada dois meses”, afirma.


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Gilberto Gil volta aos palcos, mas não para a política

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