Hardcore de verdade, assim mesmo. Curto e grosso. Não há outro jeito para descrever o que o GBH aprontou em sua única apresentação em São Paulo lotando o Inferno Club nesta madrugada de sexta para sábado, quando os pioneiros do hardcore mostraram que quatro acordes são mais do que o suficiente para levar a moicanada presente no coração da Rua Augusta ao delírio, para não dizer extase.
O quinteto de Birminham dominou o palco no show organizado pela já lendária gravadora nacional Ataque Frontal, que se desdobrou para oferecer o melhor espetáculo possível para os mais de 750 presentes no clube lotado, enquanto esses se acotovelaram nervosamente para ver a banda de Birminham desfiar seus clássicos eternos que definiram uma tendência e separaram o hardcore do punk rock nos primórdios do estilo.
Com abertura de uma enfurecida formação do Gritando HC, que mesclou bem os hits da época em que Donald ainda comandava a banda paulistana antes de sua trágica morte com as músicas novas da banda, o evento ficou devidamente aquecido para receber os pra lá de veteranos do Grinders, a fina flor do skate punk da região metropolitana da capital paulista.
Enquanto o brilho das tachinhas coladas nas jaquetas de couro reluzia na pista do clube, os moicanos se espremiam no meio da galera com seus celulares de última geração para conseguir um retratinho dos ídolos do hardcore, para provar que a fissura pela tecnologia chegou até os nichos mais fechados da cultura urbana.
Quando era possível entender as letras, dava pra cantar junto com a banda os seus maiores clássicos como Sick Boy, City Baby Attacked By Rats, Diplomatic Imunity e Give ’em Fire, enquanto o pau comia solto na frente do palco, espremia os fotógrafos e dava margem para os gritos alucinados dos fãs que iam ao delírio com as guitarras afiadas e à bateria frenética do GBH, o coração dos lendários pais da matéria do HC britânico.
Resumindo, o GBH não vai ao cabelereiro nem à manicure. É pura energia, explosão, vontade e história. Uma aula de hardcore para as gerações mais novas e um banho de nostalgia para o povo da antiga que cantou todas as músicas neste que foi um momento histórico para os punks paulistas.
Sem grandes confusões, mesmo com os ingressos tendo seus preços nas alturas (sessenta reais na porta), com mais de 20 anos de estrada, os veteranos do GBH doutrinaram pela terceira vez o público tupiniquim, que aplaudiu vigorosamente o fim do show e voltou pra casa com um sorriso gigante no rosto depois de ver a história ser feita na terra da garoa.