A Casarão Brasil Associação GLS, que reúne várias ONGs de orientação homossexual, comemorou, nesta terça-feira (30), a decisão do cantor porto-riquenho Ricky Martin de assumir sua orientação sexual e pediu que as celebridades brasileiras sigam o mesmo exemplo e também “saiam do armário”.
“Graças a Deus, Ricky Martin saiu do armário. Todo mundo já falava que ele era gay. É um alívio pessoal para quem assume. Na televisão brasileira temos muitos gays, mas nenhum assume como Ricky. Todos deveriam seguir o exemplo dele”, disse à Agência Efe o presidente do movimento, Douglas Drummond.
Ricky Martín tornou pública sua orientação sexual em comunicado divulgado na segunda-feira (29), em seu site: “Me sinto abençoado por ser homossexual”.
“Acho que isso tudo é preconceito do mercado publicitário. Na televisão brasileira não é permitido beijo entre dois homens ou mulheres, sabendo que existem inúmeros escritores, diretores e atores gays. Isso nos leva à conclusão que é o patrocinador quem impõe essas condições”, apontou Drummond.
O ativista disse que “no cinema quem manda é o diretor, no teatro o ator, mas na televisão é o patrocinador. Temos apresentadores gays e o caso de Ricky demonstra que em todas as esferas da sociedade, em todas as famílias, existem gays”.
“Em uma cidade pequena, quando um filho assume que é gay ou uma filha adolescente fica grávida, todo mundo esconde o fato, porque sempre vão falar mal de nossos filhos. Mas se tivermos coragem de assumir, ninguém falará mais nada. Ricky deixa uma mensagem que, independentemente de sua orientação, continuará com sua música, que já encantou o mundo inteiro”, ressaltou.
Casarão Brasil criou a primeira Câmara de Comércio de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis), cujo lema é “Vamos tirar o mercado do armário”, que tem no turismo um dos principais setores de faturamento.
A criação de delegacias especializadas no atendimento policial de delitos e crimes contra os homossexuais como existem para as mulheres e menores e a criação de albergues para a população homossexual que vive na rua, são algumas das metas do movimento.
“Com atitudes como as de Ricky Martin, seguidas por outras celebridades que saiam do armário, como o nosso Cazuza, o apoio da sociedade a toda nossa luta e ao trabalho social será mais enriquecido”, manifestou o ativista Renato Fortes, quem faz parte do Parada Orgulho Gay de São Paulo.
Cazuza (1958-1990), um dos símbolos do rock brasileiro, assumiu que era gay durante um show e a relação com o também cantor Ney Matogrosso, para depois se transformar em um lutador contra a Aids, doença que contraiu e o levou à morte quando tinha 32 anos.