Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) revelou que uma em cada quatro marcas de café comercializadas no país contém uma considerável quantidade de impurezas. Das quase 2,4 mil marcas analisadas em 2008, 583 apresentaram fraudes. Entre as impurezas estão cascas, semente de açaí, milho, centeio, caramelo e pedaços de pau.
A maioria das marcas com problemas não está associada à Abic, mas 59 delas estavam. Por isso 22 empresas foram excluídas e perderam o direito de usar o selo de qualidade.
Apesar de as pesquisas nacionais da Abic terem revelado fraudes em 25% das amostras das marcas de café, a Abic considera que esse percentual pode ser um pouco menor, próximo de 20%, já que algumas amostras de uma mesma marca podem ter sido analisadas duas vezes.
Na pesquisa foram encontrados até 10% de pau e até 31% de milho torrado misturados ao café. A lei tolera até 1% de impurezas.
Minas Gerais
Mas em alguns lugares os problemas são até maiores, como em Minas, que detém 50% da produção brasileira de café. Silva Filho, que participou há uma semana de audiência pública na Assembleia Legislativa, mostrou dados em que as fraudes na torrefação atingem 47% das marcas no Estado.
Em outra pesquisa só com marcas mineiras, das 433 amostras monitoradas entre julho de 2008 e março deste ano, 205 apresentaram fraude.
Fraudes de quase um terço das marcas mineiras foram também constatadas em 2008 pela Vigilância Sanitária de Minas, segundo a gerente do setor de Alimentos do órgão, Cláudia Parma Machado. Das 119 amostras analisadas, 31% apresentaram adulteração.
Fiscalização
Segundo a Abic, um dos principais problemas é a inexistência de uma fiscalização centralizada. Ou seja, a moagem de café deveria ser assumida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Atualmente, apenas as vigilâncias municipais são responsáveis pela fiscalização.