Caso a elevação da temperatura média do planeta seja de 1ºC, em relação aos níveis de pré-industriais, a floresta amazônica pode entrar em colapso, perdendo cerca de 1,6 milhão de km² de sua cobertura. É o que constata do estudo Pontos de Colapso no Sistema Climático Terrestre e suas conseqüências para o Setor de Seguros (Tipping Points in the Earth’s Climate System and Consequences for the Insurance Sector, em inglês), divulgado nesta semana.
Segundo ele, no cenário de 3 e 4°C a devastação seria de 3,9 milhões a 4,3 milhões de km² de floresta. Nesse cenário, o valor econômico do carbono seria entre US$7,8 bilhões e US$ 9,4 bilhões.
Encomendado pela Allianz SE, em parceria com o World Wildlife Found (WWF) e o Tyndall Centre, o documento analisou diferentes situações de aumento de temperatura para chegar à conclusão de que “regiões e ecossistemas mais diversos do planeta correm riscos de atingir um ponto de colapso que desencadeia consequências ambientais, sociais e econômicas devastadoras”.
“São muitos os impactos das mudanças climáticas se formos além desse patamar. Atingir o ponto de colapso significa perdas inestimáveis e definitivas”, explica Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil. “Esse relatório nos alerta, mais uma vez, para a necessidade de assinarmos um acordo global de clima justo, eficiente e ambicioso em Copenhague em dezembro deste ano”, aponta.
Outro impacto no Brasil previsto pelo relatório é o aumento da frequência de secas drásticas na região amazônica. A última ocorreu em 2005. Trabalhos recentes sugerem que secas similares àquela de 2005 serão mais comuns, passando de uma a cada 20 anos para uma a cada 2 anos ou menos, entre 2025 e 2050, caso se chegue à estabilização em 450 a 550 ppmv (partes por milhão em volume) de CO2.
Além da floresta
De acordo com o estudo, o possível colapso do sistema climático na Amazônia pode gerar impactos econômicos em outras regiões do país, incluindo estados como Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.