Brasileiro é apaixonado por futebol. Virtual. Todo final de
ano a história se repete: os gamers ficam alvoroçados à espera daqueles que,
para muita gente, são o único motivo de se comprar um videogame: as novas edições
de Fifa e de Pro Evolution Soccer (ou o eterno Winning Eleven).
Os jogos da Electronic Arts e da Konami, respectivamente,
travam um duelo há mais de uma década pelo título de melhor simulador de
futebol dos consoles. Desde o Playstation 1, para ser exato. Durante grande
parte deste tempo, PES sempre esteve na frente, apesar dos vários nomes que
teve durante todos esses anos tudo começou com International Superstar
Soccer, lembram?
A disputa ficou mais acirrada nos últimos anos, em razão de
videogames de última geração, como Playstation 3 e Xbox 360. Neste novo cenário,
a EA se saiu melhor e no ano passado o seu Fifa 9 foi (quase) uma unanimidade ao ser considerado
o melhor game de futebol de 2008.
Mas e agora, a história vai se repetir? É isso que
o Virgula
vai mostrar abaixo, com um comparativo entre Fifa 10 e Pro Evolution
Soccer
2010, que acabam de chegar às lojas brasileiras, em versões para PC,
Xbox 360, PS2, PSP e PS3, além do Nintendo Wii. Os preços variam de R$
99,90 a R$ 229,90.
PRIMEIRO TEMPO
A primeira coisa que vamos analisar são os gráficos. E, mais
uma vez, Fifa sai na frente. Na versão testada para o PS3, os gráficos foram de
babar. A torcida tem movimentos reais e não parece mais um display de papelão. O
uso de luzes e sombras também é de se elogiar, algo aprimorado no novo PES, mas
ainda inferior ao concorrente. Em relação ao cenário, Fifa dá de goleada. A própria
grama tem camadas, ao contrário de PES, que mostra um grande bloco verde, que
parece pintado com giz de cera.
Em seguida, o mais importante: a jogabilidade. Pro Evolution
Soccer continua mais intuitivo, algo que sempre agradou aos brasileiros. Não é
preciso de comandos específicos para driblar, passar o pé na bola, rodopiar ou
controlar a cadência do jogo. Basta habilidade no joystick para conseguir isso.
Por outro lado, na nova versão a Konami deixou as partidas mais retranqueiras. Está
mais difícil correr com a bola sem deixá-la escapulir. Depende muito da
habilidade de cada jogador, como Messi e Cristiano Ronaldo. O mesmo se repete
na hora de matar a gorduchinha ela quica que é um horror. A velocidade de PES
2010 deixa a desejar, pois ficou muito lenta. O mesmo acontece com a troca de
passes, que ficou bem estranha nesta versão.
Os goleiros continuam uma mãe. Fazer gols de fora da área
ainda são uma moleza, caso você tenha um time que possua um atleta que saiba bater
bem na pelota. Outra novidade é que os chuveirinhos estão cada vez mais necessários
para se vencer uma defesa bem postada. Está muito fácil fazer gols pelo alto, é
só escolher uma equipe que tenha um atacante cabeceador lá na frente.
Já Fifa tem na movimentação dos atletas o seu grande
diferencial. Eles correm de maneira individual, todos têm movimentos únicos. Ao
contrário de PES, em que todos se movimentam da mesma forma e parecem correr
travados, como robôs. Em Fifa, há pequenos detalhes que fazem muita diferença para os fãs
mais xiitas. As defesas dos goleiros estão mais plásticas, os jogadores batem
na bola de 3 dedos, noutras até acertam lançamentos de letra. Isso não acontece
no jogo da Konami. Parece besteira, mas até o juiz do Fifa é superior. A bola
respinga nele e ele até chega a pular para que a pelota não o atinja. A maneira como
os jogadores matam a bola e a controlam também são de encher os olhos.
A série Fifa tem uma jogabilidade que não costuma agradar
aos fãs de PES. Mas basta meia dúzia de partidas para sentir a diferença e
começar a pegar o jeito. Realizar jogadas de efeitos, como chutes de cobertura
e lançamentos de longa distância, exigem certos comandos que atrapalham no
começo, mas depois de muito suor acontecem naturalmente. É bem mais difícil que
o rival, mas ao mesmo tempo é desafiador. A nova tecnologia 360º Dribbling não
faz muita diferença, mas dá para ver a evolução da mecânica da série. Principalmente
quando se fala da inteligência artificial: os jogadores se adaptam
automaticamente ao seu tipo de jogo. Incrível!
O porém do Fifa fica na hora de tentar fazer gols de bola
parada. Escanteios e faltas não são nada naturais. O mesmo acontece na hora de
realizar cruzamentos pelo alto. Nesses quesitos, Pro Evolution Soccer ainda é
matador.
SEGUNDO TEMPO
O número de times licenciados em Fifa 10 é muito superior à
PES 2010. Para nós, brasileiros, existe um problema. Ao contrário do resto do
mundo, onde o acerto é realizado com a liga de futebol de cada país, por aqui o
acordo é fechado individualmente com cada equipe. 20 times brasileiros estão
inclusos no jogo da EA, como São Paulo, Palmeiras, Flamengo e até o Barueri. Mas
Corinthians, Santos, Grêmio e Fluminense, não.
Quer dizer, eles estão no jogo. Os gritos da torcida e as
escalações são oficiais. Mas os uniformes e os nomes dos clubes são alternativos.
Ronaldo agora brilha muito no C. São Paulo, por exemplo. No jogo da Konami, um
vexame: só existe o Inter de Porto Alegre por lá. Não é por acaso que o sucesso
de Pro Evolution Soccer no Brasil tenha acontecido, principalmente, com as versões piratas
dos jogos. Por quê? Por trazerem os times brasileiros.
Para resumir, Fifa 10 bate Pro Evolution Soccer facilmente. Não
chega a ser uma goleada, é claro, mas é uma prova da clara evolução da
franquia, que soube trabalhar com as imensas possibilidades dos videogames de última
geração, dando aos jogadores gráficos de primeira e uma enorme gama de possibilidades
de modos online.